Paloma Santos e Isadora Grespan
Da Agência Brasil
Brasília - Para o coordenador do movimento Articulação Popular pela Revitalização do Rio São Francisco, Ruben Siqueira, o projeto do governo federal, de transpor as águas do rio, atenderá somentea interesses econômicos que requerem infra-estrutura hídricapara uso intensivo de água, como a fruticultura integrada, acriação de camarão e a siderurgia.“Portrás do projeto está a intenção deestabelecer no Nordeste, e daí para todo o Brasil, o pagamentoda água bruta. Porque a água que chega lá écara, e para a produção econômica com essa águaprecisa haver um subsídio que não será público,mas pago pela população nas contas domésticas".Segundo ele, a transposição não tem a ver com a seca e nem com a sede: trata-se de um projeto econômicoe não social."A água não vai sersubsidiada para a população sedenta, que enfrenta asdificuldades da seca. Os canais vão passar muito longe dossertões mais secos e das populações difusas. Aágua vai se concentrar em direção aos grandesaçudes e das áreas de potencial econômico. Então,não é um projeto social, não tem o objetivo deminimizar os efeitos da seca, esses continuarão”.Oministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, cuja pasta é responsável pela condução das obras, rebate asdeclarações e afirma que o projeto vai atender "prioritariamente" ao abastecimento de água para humanos e animais."Respeito a posição daqueles que eventualmente, até por falta de conhecimento, discordam do projeto, que é ambientalmente sustentável, economicamente justo e socialmente importante", disse. "Ao contrário de alguns, eu não tenho preconceito nenhum de que o excedente de água possa ser utilizado na produção. Até porque, as pessoas do Nordeste precisam de água, de emprego, de produção para ter renda e de dignidade para criar suas famílias".