Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A comunidade científicaespera ver, em Bali, um maior protagonismo do Brasil. A avaliaçãoé do professor Carlos Nobre, climatologista do InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que disse que o paísdeveria assumir um papel de liderança entre as naçõescom florestas tropicais, numa proposta "arrojada" e"inovadora" de redução dos desmatamentos."Gostaríamos de ver o Brasil liderando e buscandomecanismos que recompensem os países tropicais que reduziremsuas taxas de desmatamento", comentou Nobre, em entrevista àRádio Nacional. Ele disse que o Brasil tem a melhortecnologia de monitoramento de florestas por satélite e que,por isso, deve buscar maneiras alternativas de desenvolver as regiõestropicais sem desmatar.Para o pesquisador, opaís tem investido em tecnologias limpas, como a produçãodo biocombustível de segunda geração, produzidoa partir de resíduos agrícolas. No entanto, ele defendeque os investimentos em recursos humanos e equipamentos tecnológicosna área deveriam ser dez vezes maiores.O professordisse que o mais importante na Conferência de Bali é queos representantes das 190 nações reunidas concordemnuma estratégia que possibilite um novo acordo até2009. O acordo deve buscar uma redução das emissõespara a próxima década, quando, segundo Nobre, elaschegarão ao nível máximo. "A partir daí,iniciamos uma queda das emissões, para chegar em 2040, ou2050, com 50%, 60% ou até 70% de redução dasemissões".A grande questão, segundo oprofessor, é quem vai pagar os custos das mudanças nospaíses pobres, que pouco contribuem para as mudanças detemperatura e estão entre os que sofrem os impactos maisseveros. Ele disse que os países desenvolvidos são“superdesenvolvidos” e deveriam repassar tecnologias,conhecimento e recursos para que os países pobres tambémpossam contribuir. "Eles [países maisindustrializados] não precisam se desenvolver mais,precisam apenas manter uma qualidade de vida para sua população",observou.Além disso, o climatologista disse que ospaíses ricos têm muita "gordura" para queimarem relação às suas emissões de carbono,enquanto os países mais pobres consomem pouco petróleo,carvão e gás natural. Relatório doPrograma das Nações Unidas para o Desenvolvimento(Pnud), divulgado em 27 de novembro, mostra que as naçõesricas são responsáveis por 70% das emissões degases de efeito estufa, enquanto os países em desenvolvimentorespondem por 28%, e as nações pobres, por 2% delas.