Adolescentes cobram "punição exemplar" para envolvidos em agressão à jovem no Pará

04/12/2007 - 13h00

Hugo Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Representantes da juventude na 7º Conferência Nacional dosDireitos da Criança e do Adolescentes comentaram hoje (4) o casoda adolescente de 15 anos que foi vítima de violência sexual enquanto esteve presa em uma cela com homens em carceragem da Polícia Civil no Pará. Selecionado como delegado peloestado de Mato Grosso do Sul, o estudante William Schmitt espera que ocaso seja tratado com rigor e exige punição dosenvolvidos.“Isso é uma coisa que não poderia acontecer nunca.Tem que haver uma punição severa e exemplar aosresponsáveis e aos que deixaram isso acontecer. Esse ato foitotalmente desumano”, avalia o rapaz de 17 anos, morador domunicípio de Maracaju.Quem compartilha da indignação de Schimtt é otambém estudante Emanuel Paullino Sousa, representante domunicípio de Zé Doca, no Maranhão. Ele, que tema mesma idade da vítima, diz ter ficado chocado com asagressões e cogita a existência de casos semelhantes emoutras partes do país.“Acho que isso é só 1% do que vem acontecendo noBrasil com crianças e adolescentes. Esse crime foi horrendo eé inadmissível que isso ocorra com os adolescentes.Foi bom esse caso vir à tona porque agora as autoridades tomamconsciência dos crimes que acontecem contra criançase jovens brasileiros”, afirmou.Coordenadora da conferência,a subsecretária da Secretaria Especial dos Direitos Humanos(SEDH), Carmen Oliveira, demonstrou repúdio ao caso e disse que omais importante agora é cuidar da recuperação damenina.“Nossa preocupação nem é tanto aresponsabilização, que também éimportante, mas sim a proteção da adolescente e de suafamília, que ainda sofrem riscos. Inserimos a jovem no programa decrianças e adolescentes ameaçados de morte para quepossa recomeçar a vida com seus familiares”, garantiu.O especialista das NaçõesUnidas Paulo Sérgio Pinheiro também se posicionou sobre o caso. Ele afirma que os responsáveis pela prisão da menina tinham consciência das agressões que ela poderia sofrer.“Pessoalmente,acho que esse caso não é único. O chocante é que, em plena democracia, umdelegado possa jogar uma adolescente numa cela com leões. Isso équase como colocá-la numa jaula. Era previsível queisso aconteceria. Eles [policiais] sabiam”, analisou Pinheiro, após apresentar a versãoem língua portuguesa do Relatório Mundial sobreViolência Contra a Criança.Na abertura da conferência, ontem (3), em Brasília, o presidente Lula classificou o acontecimento como "abominável" e disse que era uma situação difícil de se compreender por " parecer coisa de ficção".