Líderes comunitários festejam visita de Lula a favela no Rio e cobram conclusão de projetos

30/11/2007 - 5h57

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As comunidades Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, que serão visitadas  hoje (30) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estão inseridas nos bairros de Ipanema e Copacabana, na zona sul do Rio. A partir das 9h30, quando acionar um bate-estaca, ele vai dar início às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no local, que incluem a construção de elevadores, teleféricos e melhorias na infra-estrutura. O investimento de R$ 35,2 milhões - R$ 24,6 milhões da União e R$ 8,8 do estado - será aplicado na implantação e ampliação dos sistemas de água, esgoto e drenagem, construção de dois quilômetros de ruas internas, 206 unidades habitacionais e creche comunitária. Será feita também a recuperação de áreas degradadas e a criação de espaços de lazer epraças. Os trabalhos estão marcados para começar em janeiro, com previsão de estarem prontos dentro de dois anos. A obra mais destacada será um elevador, ligando a rua Teixeira de Melo ao alto do Cantagalo, possibilitando maior acesso ao metrô e às linhas de ônibus.O vice-presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), José Nerson de Oliveira, concorda com a decisão de construir o elevador, mas demonstra preocupação com a manutenção do equipamento. Segundo ele, a construção e a melhoria das escadas de acesso à comunidade também devem ser priorizadas. Oliveira reconhece que o investimento prometido é alto: "Essa decisão do governo federal de fazer obras nas comunidades, principalmente os grandes complexos, é fundamental. É a primeira vez que se propõe a fazer esse tipo de trabalho", disse o líder comunitário.José Nerson manifesta, porém, desconfiança na implantação dos projetos: "Se fizerem 30% do que nos mostraram, a gente vai bater palma e rir satisfeito. Porque, no papel, o Favela-Bairro [programa de urbanização da prefeitura do Rio] também seria maravilhoso, mas na hora da execução não foi feito nem um terço". A mesma desconfiança é manifestada pelo presidente da Associação dos Moradores do Morro do Cantagalo, Luiz Bezerra do Nascimento: "A gente está na expectativa. Todo mundo fica desconfiado, porque já houve obras que começaram, não terminaram e ficaram pela metade. Mas a gente tem que acreditar, não pode ter espírito negativo".Já o presidente da Associação de Moradores do Pavão-Pavãozinho, Marco Antônio Silva de Carvalho, mostra maior otimismo e comemora a visita do presidente da República. "A comunidade está ansiosa com o início das obras e com a visita do presidente Lula, que vai ser inédita", diz. Para Marco Antônio, o novo elevador que está sendo projetado vai facilitar a vida dos moradores, principalmente os mais idosos, e ainda levar turistas para conhecer a favela.Ele lembra, no entanto, que também são necessários investimentos em outros setores, como a construção de um posto de saúde e a abertura de cursos profissionalizantes. "Temos que pensar nos jovens. Os governos federal, estadual e a prefeitura devem criar mais escolas técnicas e cursos de capacitação na nossa área", pede Marco Antônio, que sonha ainda mais alto: "Queremos uma universidade federal aqui perto, pois quem mora na favela não tem condições de pagar uma faculdades para os filhos". De acordo com o Ministério das Cidades, as autorizações das próximas obras do PAC no Rio de Janeiro devem ser dadas ainda este ano, para as favelas do Complexo do Alemão e de Manguinhos. O total investido, só nas favelas da região metropolitana fluminense, será de R$ 2,6 bilhões.