Cerca de 30% dos caminhoneiros usam drogas no trabalho, mostra pesquisa

29/11/2007 - 14h04

Renata Pompeu
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O uso de drogas,principalmente as anfetaminas, entre os motoristas profissionais,cresce a cada dia. Hoje, cerca de 30% dos caminhoneiros fazem usofreqüente de alguma substância ilícita. A conclusãoé de uma pesquisa do Ministério Público doTrabalho de Mato Grosso (MPT/MT). Depois das anfetaminas, a drogamais consumida é a cocaína. O objetivo é omesmo: ficar acordado e conseguir trabalhar por mais horas seguidas.O problema do consumode drogas entre caminhoneiros foi debatido hoje (29) em audiênciapública na Câmara dos Deputados. Representantes dostrabalhadores, dos patrões, da agência reguladora dosetor – Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) – e de procuradores federais tiveram a possibilidadede apresentar argumentos para elaboração de projetos delei sobre o assunto.Uma das propostasapresentadas foi a de restringir o tráfego de caminhõesnas estradas das 22h às 5h. A idéia éobrigar que os caminhoneiros tenham pelo menos um período dedescanso. Paulo Douglas de Morais, procurador do MPT/MT, explicou que“o uso de drogas está intimamente ligado a uma jornadamaior”.A anfetamina consumidanas estradas brasileiras é conhecida popularmente como rebite.O custo médio da droga é R$ 20. O médicoLamberto Mário Henry afirmou que “hoje, em quase todos ospostos de gasolina, tem alguém para oferecer a droga, que causaeuforia, insônia e energia em um primeiro momento, mas depoisgera depressão”.A pesquisa reveloutambém que 31% dos caminhoneiros trabalham mais do que 16horas por dia, o dobro do recomendado pela Consolidaçãodas Leis do Trabalho (CLT). Essa realidade está presente na vidade mais de 1 milhão de caminhoneiros. De acordo com o estudo, o problema émaior entre os autônomos, que recebem por produçãoe, por isso, tendem a extrapolar ainda mais a jornada de trabalho.Eles respondem por 60% dos trabalhadores.Outra pesquisa,realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) entre janeiroe outubro deste ano, reafirma os dados do estudo de Mato Grosso. Dos103 mil acidentes com veículos ocorridos no período,mais de 40% envolviam ônibus, microônibus ou caminhões. Além disso, 30% dos motoristas desses veículos admitiram consumo regularde álcool e mais de 23% apresentaram sintomas de sonolênciadiurna.