Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O principal desafio das lideranças palestinas e israelenses no processo de paz na região é buscar consenso internamente, acredita Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Segundo ele, há representações diferentes e contraditórias dos dois lados. "Na verdade, o problema é menos na relação entre os Estados do que propriamente dentro dos Estados. É um equilíbrio de forças delicado, mas tem que ser encontrado dentro da sociedade", avalia. Quanto à negociação entre os dois Estados, o professor acredita que deveria começar pela devolução da Cisjordânia aos palestinos. "Esse ponto é essencial, não há como se abster de discuti-lo. É líquido e certo que Israel tomou os territórios na Guerra de 1967", defende, destacando que vem crescendo o número de colônias israelenses na região onde vive a maioria da população palestina. "Se avançar na questão da desocupação dos territórios de forma gradual, negociada, é um grandeavanço", opina o professor. Questão crucial para o avanço das negociações, segundo ele, é o reconhecimento da legitimidade dos interlocutores. Israel, na sua opinião, não pode deixar de reconhecer o Hamas como eleito pelo povo palestino. O Hamas, por sua vez, tem que reconhecer a existência do Estado de Israel. "Foi a premissa em torno da qual Yasser Arafat [líder da Autoridade Palestina morto em 2004] conseguiu avançar na negociação. São questões mínimas, mas importantes para iniciar um processo denegociação. Sem esse mínimo, é impossível", pondera.O Hamas é uma organização política palestina rival do grupo Fatah, liderado pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. Em junho deste ano, o grupo tomou o controle da Faixa de Gaza e expulsou o governo da ANP, que controla a Cisjordânia.