ONG defende que Dia da Consciência Negra seja feriado nacional

20/11/2007 - 10h33

Clara Mousinho
Da Agência Brasil
Brasília - NoDia Nacional da Consciência Negra, comemorado hoje (20), opresidente da organização não-governamental (ONG) Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sociocultural (Afrobras), JoséVicente, defendeu a instituição de feriado nacionalpara marcar a data.Segundo a Secretaria Especial de Políticasde Promoção da Igualdade Racial (Seppir), 267municípios decretaram feriado para lembrar o dia em que morreu Zumbi dosPalmares, símbolo da resistência negra àescravidão, assassinado em 20 de novembro de 1695. JoséVicente também é reitor da Universidade da CidadaniaZumbi dos Palmares (Unipalmares), a única universidade doBrasil idealizada e voltada para a população negra. Ementrevista ao programa RevistaBrasilda RádioNacional AM,eledisse que a instituição do feriado nacional paralembrar a data é uma reivindicação da sociedadebrasileira. “Hámais dez anos o Zumbi do Palmares era um rebelde e a sociedadebrasileira tratou de trabalhar no sentido de transformá-lo emum herói nacional. Concomitantemente a isso, a sociedadebrasileira tem compreendido que é importante que todos nósdevotemos um dia de glória e homenagem a esse ícone eaos milhões de brasileiros negros que vieram para o Brasilescravizados”, afirmou. ParaVicente, o Dia Nacional da Consciência Negra é umahomenagem à luta e à contribuição donegro para a história do Brasil. “O Brasil foi o que maisimportou mão-de-obra escrava, o último a abolir aescravidão e, depois disso, simplesmente virou as costas paraos negros. Então ter um dia que lembre essa trajetóriaé importante para o país”, defendeu.“Asociedade tem compreendido isso, porque inicialmente era um municípioe hoje já são 267. Imagino que nos próximos anosos parlamentares vão compreender que é uma justahomenagem que representa a totalidade dos negros brasileiros”,acrescentou.Parao presidente da Afrobras, o feriado nacional seria uma forma deconscientizar a população do país sobre ahistória brasileira. “Somos um país que nãotrabalhamos muito bem com a nossa memória histórica, nós não valorizamos e não compreendemos comopatrimônio nacional. Quer governo, quer sociedade trabalhammuito mal com a nossa história de maneira geral. No que dizrespeito ao negro, de maneira especial, nós sofremos umprocesso de naturalização. Estamos falando de um paíscom antecedente de quase 350 anos de escravidão”, ressaltou.