Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A ocupação da sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) por indígenas de etnias e localidades diversas do Amazonascompleta uma semana hoje (20). A assessoria de comunicaçãodo órgão, em Brasília, informou que os servidores estãoimpossibilitados de realizar suas atividades devido à presença dos índios. Segundo a Coordenação das Organizações Indígenas daAmazônia Brasileira (Coiab), são mais de 400, incluindo cerca de 50 crianças.O presidente da Coiab, Jecinaldo Sateré, disse que aocupação resulta de problemas gerados pelainsatisfação dos indígenas quanto aos serviços prestados. E acusou o Ministério da Saúde de camuflar interessespolíticos na Portaria nº 2.656, de 17 de outubro. A portaria regulamentaa prestação dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas nopaís e passa para os municípios as responsabilidades que hoje são daFunasa. "Nós somos favoráveis ao que os indígenas fizeram, porque nas comunidades eles continuam sofrendo com a inoperância da Funasa,que não assume de fato o papel de executar as políticas de saúde indígena. É preciso fazer uma lei para acabar com essa pouca vergonha de prefeitos que não prestam contascom a saúde indígena. Paciência tem limite. As lideranças estãocorretas, principalmente quando questionam uma portaria que vemembrulhada em vários interesses partidários e politiqueiros", afirmou.O dirigente disse ainda que as lideranças estãorevoltadas com o presidente da Funasa e dispostas a reagir para resolver o que consideram uma injustiça. Em entrevista à Agência Brasil, Jecinaldo Sateré revelou terconversado com o senador João Pedro (PT-AM) para pedir apoio àquestão. "Não existe qualquer interesse por parte dos indígenas em negociar com a direção da Funasa. Agora, nossa conversa terá que ser com o ministro da Saúde. O senador se comprometeu em falar com o ministro Temporãopara ver como intermediar essa negociação. O movimento indígenacansou de ouvir os desmandos de quem cuida da saúde indígena. AFunasa mandou pedir reintegração de posse e a Justiça vai decidir, masos índios vão reagir. No local estão mais de 300 guerreiros, equipados para enfrentar o que puder vir", disse.Enos Munduruku, um dos líderes na ocupação, informou que além do protesto eles exigem a nomeação de um indígena paraassumir a coordenação regional da Funasa e a criação da Secretariados Povos Indígenas do Amazonas. Munduruku garantiu que eles só sairão após o atendimento das exigências."Queremos preservar nossos direitos. Não queremos brigar, masnossa revolta é tão grande com a Funasa que não queremos conversar comnenhum deles, porque eles não fazem o que devem fazer para garantir aqualidade da saúde dos índios. E já desviaram rios de dinheiro, que seriapara nós, em benefício próprio", denunciou.