Atos ecumênicos marcam passagem do Dia da Consciência Negra no Rio

20/11/2007 - 14h55

Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A tradiçãoda religião africana ritmada pelo som dos atabaques marcou aabertura das comemorações do Dia da ConsciênciaNegra, no Rio de Janeiro. O som do bloco Afoxé Filhos deGandhi, que mistura tradições africanas com elementosindianos, marcou a festa.As comemoraçõescontaram com atos ecumênicos, reunindo praticantes de religiõesde origem africana, cristã e orientais. Os eventos estãosendo realizados no monumento a Zumbi dos Palmares, erguido há21 anos no centro do Rio de Janeiro.O Rio de Janeiro foi oprimeiro município do país a decretar o Dia daConsciência Negra como feriado, em 1999. Atualmente mais de 260municípios brasileiros já adotam o 20 de novembro comoferiado. A data seria umcontraponto ao 13 de maio, quando foi decretada a aboliçãoda escravatura, segundo militantes do movimento negro."A aboliçãoda escravatura é um dia mais espiritualista, quandocomemoramos o Dia dos Pretos Velhos. O dia 20 de novembro tem muitomais peso para a cultura negra, porque marca a data do assassinato eda luta de Zumbi dos Palmares. Na verdade, a aboliçãofoi uma solução para os portugueses, para onegro não, que acabou indo para os morros e para aspalafitas", disse a maestro do coral Iyun Orin Olorun, ClaudecirFrancisco.O marinheiro JoãoCândido, líder da revolta da Chibata, em 1910, tambémfoi lembrado. A assessora da Secretaria de Cultura do Rio, NéiaDaniel, anunciou que nesta quinta-feira (22) será inauguradoum monumento ao Almirante Negro.Passados quase 100 anosda revolta, João Cândido, que morreu sem patente, nuncafoi anistiado."JoãoCândido forçou o governo a reconhecer e tratar comhumanidade os marinheiros, ajudando a acabar com a chibata. Elemorreu aos 89 anos, ainda perseguido. Foi expulso da Marinha e nuncateve seus direitos políticos reconhecidos", lembrou NéiaDaniel.