Rotas do tráfico de armas são as mesmas do Brasil colonial, revela pesquisador

18/11/2007 - 14h47

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um dos mercados ilegais mais antigos do país usa as mesmas rotas há mais de cem anos. Segundo o coordenador de pesquisas do projeto Controle de Armas de Fogo da organização não-governamental Viva Rio, Pablo Dreyfus, as rotas do tráfico de armas são as mesmas do tempo do Brasil colônia. Em conferência realizada no Rio, ele apontou a corrupção como principal obstáculo para a eliminação das rotas.“As rotas de contrabando raramente ehistoricamente mudam. O que muda é o modus operandi do contrabandistaou do traficante, o produto e o nível de violência. Mas as mesmas rotasque eram usadas para contrabandear café do Brasil para o Paraguai ecigarro do Paraguai para o Brasil são exatamente as mesmas usadas hojepara contrabandear armas e cocaína”, alerta Dreyfus. 

Segundo ele, a rota mais forte do contrabando de armas passa pelo Paraguai. O que não significa dizer que a maior parte das armas é fabricada no país. "O que há é um tráfico transnacional que vem da China, do Oriente Médio, passa escondido pelo Paraguai e de lá vem ilegalmente para o Brasil."

De acordo com Dreyfus, em São Paulo, o armamento que chega é composto por pistolas e revólveres, com predomínio da fabricação nacional. Já no Rio, o armamento pesado e estrangeiro predomina por conta das brigas por território entre facções do tráfico.Para o coordenador do Viva Rio, o controle do tráfico de armas deve priorizar as malhas rodoviáriasbrasileiras, maximizando investimentos na área de inteligência, paraque o Brasil possa cooperar com os órgãos de inteligência dos paísesvizinhos.