Cacique prevê represálias de brancos depois da Operação Araribóia

14/11/2007 - 7h33

Marco Antonio Soalheiro
Enviado especial
Imperatriz (MA) - Afalta momentânea de energia no início da noite de ontem (13) na AldeiaRubiácea não ofuscou a lucidez do capitãoDamásio Belizário – forma como são chamados oscaciques na região. Foi ele quem autorizou o uso da aldeiacomo base de equipe da Operação Araribóia. Ementrevista à Agência Brasil, Belizáriomostrou estar preparado para as possíveis conseqüênciasde seu gesto.“Eu acho que vai darproblema quando o pessoal sair. Já me contaram que osmadeireiros vão me matar . Mas não vamos sair correndoda nossa reserva . Temos arco e flecha para usar”.Belizário dizque conta com o apoio da Fundação Nacional do Índio(Funai), do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos NaturaisRenováveis (Ibama) e da Polícia RodoviáriaFederal (PRF) para proteger a a aldeia, localizada na Terra IndígenaGovernador, a cerca de 5 quilômetros da Terra Araribóia.Da cidade de Amarante, no oeste do Maranhão, até lásão 14 quilômetros de muito buraco e poeira, que podemser vencidos com caminhão, veículo tracionado ou moto.As casas são dealvenaria e as crianças estudam da primeira à oitavaséries dentro da aldeia. Os índios são da etniaGavião, espécie de parentes dos Guajajara. Aos vizinhosda outra etnia, o cacique da Rubiácea deu um conselho:“Paramos de mexer com madeira em 1994. Nossa renda vem da roça,com milho, mandioca, arroz, batata e abóbora. Os parentestambém poderiam cancelar a renda de madeira deles. Muitos jáforam embora assim”.Segundo a administraçãoregional da Funai de Imperatriz, 64 índios da etnia Guajajaramorreram nos últimos 16 anos em confrontos com madeireiros ouacidentes de trabalho em atividades de desmate. A coordenaçãoda Operação Araribóia também admite queainda há índios colaborando com os criminosos.Segundo o caciqueGavião, madeireiros já passaram várias vezes emseu “terreiro” atirando, antes da chegada dos agentes defiscalização.O chefe do postoindígena da Funai no local, Hélio Sotero, informou queserá marcada uma reunião nos próximos dias entrerepresentantes do Ministério Público, Prefeitura deAmarante, madeireiras, Funai, Ibama e Polícia RodoviáriaFederal, em que serão abordadas as ameaçasintimidatórias. Ele lembrou que a OperaçãoAraribóia pode ser prorrogada por tempo indeterminado.“Vamos mostrar aosmadeireiros que quem manda somos nós e não eles.Podemos tentar conciliar, mas aqui na região de Amarante elessão covardes”.Desde a últimasemana, do iníco da noite às primeiras horas da manhãseguinte, cerca de 20 agentes da Funai, Ibama e PRF repõem asenergias na aldeia Rubiácea. É quando descansam , sealimentam e planejam as próximas ações defiscalização na Terra Indígena Araribóia.