Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, defendeu hoje (12) a criação de uma agência internacional com predominância de representantes da sociedade civil para coordenar, regulamentar e fiscalizar o acesso à internet em todo o mundo. Atualmente, essas atribuições estão nas mãos de um órgão que, segundo o ministro, sofre influência apenas dos Estados Unidos.A Corporação para Atribuição de Nomes e Números na Internet (Icann, na sigla em inglês) é uma corporação internacional sem fins lucrativos, responsável por definir os espaços de endereços de protocolos de internet (IP) e administrar os códigos dos países e dos tipos de páginas. A sucessão do Icann está sendo debatida no Fórum de Governança da Internet (IGF, sigla em inglês), que começou hoje (12) e vai até quinta-feira (15) no Rio de Janeiro.Em entrevista à Agência Brasil, Unger, que é um dos participantes do fórum, mostrou-se contrário à proposta de transferir o poder do Icann para uma organização internacional de Estados, semelhante à Organização das Nações Unidas (ONU). “Nossa posição é que a internet não esteja sob a tutela nem dos Estados nem do dinheiro”, ressaltou o ministro.Para Unger, o novo órgão que substituirá o Icann pode contar com a participação de representantes dos governos e das empresas, desde que a sociedade civil, organizada em nível mundial, tenha predominância. “É a humanidade que vai se comandar. Isso é o que o mundo quer e vamos tratar de tornar possível”, afiançou.Unger considera a internet instrumento de libertação da humanidade e de derrubada de todas as ditaduras do poder político, econômico e cultural. Ele, no entanto, acredita que os países precisam compartilhar a administração da rede (sem concentrar poderes em determinado país), além de limitar a influência dos governos e das grandes empresas.Segundo o ministro, o Icann desempenhou papel histórico vital no desenvolvimento da rede mundial de computadores. Agora, afirmou Unger, chegou a hora de essa instituição norte-americana ceder poder de forma pacífica para uma organização mais “includente”. Unger declarou ainda que o desenvolvimento de uma nova estrutura de administração da internet servirá como provocação para a sociedade civil mundial organizar-se. “A organização da sociedade civil mundial fora do Estado será conseqüência, não apenas condição para criar essa nova estrutura de governança”, salientou.