Projeto de pesquisa sobre contaminação por mercúrio no Acre recebe aporte de R$ 550 mil

12/11/2007 - 15h14

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A partir de 2008, as investigações sobre os casos de contaminação humana eanimal por mercúrio no Acre vão receber um apoio financeiro e logístico que promete desvendar a origem do problema que há pelo menos nove anos preocupa a população eprofissionais de saúde em todo estado.Ainformação é do diretor operacional do Centro Gestor e Operacional doSistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Wougran Galvão, quehoje (12) anunciou hoje a liberação de R$ 550 mil para o Projeto deAvaliação da Saúde Humana e Ambiente.Além do aporte financeiro, Galvão anunciou também a inclusão de técnicos e equipamentos a serem envolvidos no projeto, previstopara ocorrer em dois anos, a contar deste mês."Junto com o Instituto Evandro Chagas e com órgãos estaduais, faremos uma investigaçãoprofunda, buscando descobrir a fonte do mercúrio, seus impactos no meioambiente e na população. Vamos capacitar técnicos do instituto em Geotecnologia, usando a infra-estruturado Censipam, desde aviões até o apoio financeiro a todas as atividades associadas".A diretora do Instituto Evandro Chagas, Elisabeth Santos,disse que a instituição tomou conhecimento do problema da contaminação em 1997, quandofoi solicitada para investigar a situação."Na época, fizemos a recomendação de que o projeto deveria continuar em outras linhas,mas não houve possibilidade de fazê-lo. Agora, vamos pesquisar o meioambiente para saber qual é a fonte que libera mercúrio para o Acre equal é a rota, além do pescado, que também apresenta níveis altos demercúrio".As ações a serem implementadas pelo Instituto Evandro Chagas,órgão vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério daSaúde, pelo Censipam e pelo governo do Acre são fruto de um acordo decooperação entre essas entidades, feito a partir de uma solicitação dadeputada Perpétua Almeida (PCdoB).De acordo com Santos, a Amazôniaconcentra teores de mercúrio maiores que os níveis recomendados pelaOrganização Mundial de Saúde (OMS), o que coloca as condições naturais domeio ambiente amazônico como uma das causas do problema enfrentado."Sabemos que a região possui teores de mercúriomaiores que outras regiões do mundo. Ainda assim, é precisopesquisar e provar de onde vem, de fato, essa substância. Nossosprojetos vão começar pelas populações ribeirinhas, que precisam de maiorapoio e infra-estrutura".Por causa das chuvas que começam agora e só terminam em março, a coleta de materiais para análise começará em abril. Até lá,os envolvidos no projeto vão participar de reuniões com as instituiçõeslocais que também devem serão incluídas nas ações."Seria muito mais difícil fazer o trabalho no período dechuvas. Enquanto isso, podemos receber materiais e fazeratendimentos no próprio Evandro Chagas".O diretor operacional do Censipam lembra que o trabalho começa em janeiro. "Temos umasérie de reuniões com os órgãos envolvidos para preparar o ambientepara coleta. Isso envolve secretarias municipais e estaduais para criar, no campo, as condiçõesnecessárias para coleta das amostras de água, sedimentos, solo,sangue, cabelo, etc".A contaminação por mercúrio pode acontecer em níveisdiferentes e causar ao ser humano efeitos neurodegenerativos com ocomprometimento motor, auditivo e visual, ou ainda problemas pulmonarese renais, podendo levar à morte.