Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou hoje (9) que os incentivos oferecidos no passado para o uso do gás natural no lugar de combustíveis tradicionais contribuíram para tornar a demanda incompatível com o nível de produção.Zimmermann ressaltou que a utilização do gás natural no país é recente e que a participação do combustível na matriz energética brasileira, atualmente em 9%, cresceu mais rápido que o previsto. “Por causa dos atrativos oferecidos ao gás natural, houve um crescimento na demanda bastante forte e muito acima do que você podia viabilizar em nível de produção”, salientou.Para o secretário, um dos fatores que fizeram a procura pelo combustível ficar acima da capacidade de fornecimento é o uso do gás natural em veículos. “A não ser a Argentina e o Brasil, poucos países utilizam o gás como combustível veicular. No resto do mundo não se usa o gás para fins automotivos”, argumentou.Na avaliação do secretário, o gás natural tem papel complementar na geração de energia no país e só deve ser usado nas usinas termelétricas em situações especiais. “A energia gerada do gás natural só deve ser utilizada por pouco tempo, pois ela fica muito cara para um despacho mais prolongado”, ressaltou.Zimmermann ressaltou que o Plano de Energia para 2030, que deve ser publicado ainda este mês pelo ministério, não prevê o aumento do uso do gás natural na geração de energia. “Nas nossas projeções para 2030, a participação do gás natural na matriz energética [que também leva em conta o uso do combustível nos veículos e nas indústrias] passará dos atuais 9% para 15%. Já o percentual do gás natural na geração de energia elétrica deverá permanecer nos mesmos 4% verificados hoje”, explicou.O secretário afirmou ainda que o plano prevê a construção de até oito usinas nucleares até 2030. “Nosso planejamento indica que o Brasil precisa desenvolver um forte programa nuclear para atender às suas necessidades energéticas. O país precisará de quatro a oito usinas nucleares até 2030. Serão cerca de 8 mil megawatts de capacidade por ano”, estimou.De acordo com Zimmermann, a alternativa nuclear como fonte de energia é hoje realidade. " Na França 80% da geração hoje é nuclear e vários países já estão reativando os seus programas nucleares”, lembrou.As declarações foram dadas na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro, onde o secretário participou de um evento sobre a produção de etanol.