Exportação de petróleo com desconto não está em discussão, diz Marco Aurélio Garcia

09/11/2007 - 15h38

Mylena Fiori
Enviada especial
Santiago (Chile) - O assessor especial daPresidência da República, Marco Aurélio Garcia,disse que cabe à Petrobras decidir o que fazer com as novasreservas de petróleo da Bacia de Santos. Foi uma resposta aocomentário do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quepropôs uma parceria para exportar o produto com desconto parapaíses pobres.“Vamos examinar”,declarou Garcia. “São coisas que a empresa [Petrobras]tem que ter autonomia de operação, é ela que vaidecidir. Essa questão não está em discussão”.O assessor negou que otom irônico usado por Chávez ao se referir àsnovas reservas brasileiras revele ciúmes. “Que pontada deinveja a Venezuela pode ter sendo uma grande potênciapetrolífera?”, afirmou. “O presidente Chávez disseisso de forma muito simpática, correspondeu à conversaque eles [Chávez e Lula] tiveram antes, que foiextremamente descontraída”.Garcia, no entanto,apóia a idéia de pensar no desenvolvimento regional deforma conjunta. “Temos que utilizar esses mecanismos nacionais,nossa riqueza em matéria de energia, a riqueza da Venezuela, ada Bolívia em matéria de gás, e também ade outros países, para encontrar uma soluçãocomum, porque nossa idéia é associar o desenvolvimentodo Brasil ao de outros países da região”.Segundo ele, opresidente venezuelano fez uma brincadeira numa conversa privada.Disse que agora vai investir na produção debiocombustíveis. Nos últimos tempos, Chávezcriticou diversas vezes a opção pelo investimento embiocombustível, uma das principais bandeiras do governobrasileiro. Em uma ocasião, no entanto, negouque esteja contra o biocombustível.O assessor daPresidência disse ainda que Chávez achou “ótima”a descoberta brasileira, por fortalecer a América do Sul. Eironizou um comentário do presidente venezuelano, que teriaprometido propor a inclusão do Brasil na Organizaçãodos Países Exportadores de Petróleo (Opep), durante apróxima reunião do grupo, semana que vem, na ArábiaSaudita. “É bobagem, porque ainda vamos ter que tirar essepetróleo”.Sobre a sugestãode Chávez de se criar uma empresa chamada PetroAmazônia,nos moldes da Petroandina (aliança entre as estataisenergéticas da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru eVenezuela), Marco Aurélio Garcia considera uma “leitura umpouco precipitada”. “A idéia não é formaruma só companhia, de maneira alguma. Não tem nenhumsentido”.O único projetoexistente neste sentido, segundo ele, é o da Petrosur.