Raphael Ferreira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O representante da Organização das Nações Unidas (ONU), Phillip Alston, reuniu-se hoje (7) a portas fechadas com parentes de vítimas da violência nas favelas da cidade. Enviado para investigar a política de segurança pública do governo estadual, especialmente as ações policiais nas favelas, ele pretende se reunir também com representantes de organizações não-governamentais e do governo. As mortes ocorridas durante operação policial no Complexo do Alemão, em junho, e na Baixada Fluminense, em março de 2005, estão entre os principais casos a serem analisados pelo relator da ONU. "Esta chacina só foi investigada porque foram 29 vítimas, mas ainda acontecem execuções na Baixada. Existem outros grupos de extermínio, que precisam ser descobertos e investigados. Precisamos continuar lutando para que isso não aconteça mais", afirmou Luciene da Silva, mãe de Rafael Silva Couto, um dos 29 assassinados por policiais em Nova Iguaçu, quando tinha 17 anos.Já Isaldita Santos da Silva, outra mãe que compareceu à reunião, perdeu o filho Fábio Eduardo Santos há quatro anos, quando ele estava na 8ª série do ensino fundamental e foi detido por policiais em uma blitz. "Lá na Baixada todos estão envolvidos com grupos de extermínio. Vereador, prefeito, todos. E direitos humanos não existem para pobres, só para ricos", denunciou.Segundo Phillip Alston, que ficará na cidade até sábado (10), o relatório final deverá ficar pronto entre março e abril de 2008. "Antes de deixar o Brasil darei uma entrevista coletiva para apresentar as minhas conclusões sobre as reuniões, que precisam ser discutidas por toda a sociedade brasileira", disse.