Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na manhã de hoje (7) locomotivas da Estrada de Ferro Carajás (EFC), no Pará, pela terceira vez em menos de um mês.Em nota, o MST afirma que aprincipal reivindicação do grupo é que a Companhia Vale do Rio Doce execute os projetos sociais em contrapartidapela exploração dos recursos minerais do Pará. A companhia atua na região e, segundo o MST, obteve lucro de R$ 15,6 bilhões nos noveprimeiros meses do ano.“Aidéia é interromper o fluxo de trens da ferrovia, que leva minério eoutros produtos de Carajás para a região portuária de São Luís, noMaranhão, de onde é exportado, e dessa forma chamar a atenção dasociedade para a grande exploração feita pela empresa e o pouco retornoque traz para a sociedade”, diz a nota, que está no site www.mst.org.br.Numalista de reivindicações, o movimento exige que a empresa aumente orepasse da contribuição financeira pela exploração mineral de 2% para6% aos municípios mineradores, e sugere que seja criado um conselhodeliberativo com representantes da Vale, do estado do Pará e dasociedade civil para discutir os projetos de mineração e o uso derecursos ambientais da região.Também por meio de nota, a Companhia Vale do Rio Doce afirma que cerca de 300 integrantes do MST ocuparam duas locomotivas que manobravam 156 vagões vazios num pátio ferroviário próximo ao município de Parauapebas (PA).Apesar disso, a empresa informa que a estrada continua com os serviços de transporte de minérios e passageiros interrompidos.
A companhia diz, ainda, que o MST usou de violência contra o maquinista de um dos vagões e mais quatro funcionários da empresa, que ficaram reféns por cerca de meia hora.
Em depoimento à polícia, os funcionários reféns disseram que os integrantes do MST estavam vestidos de preto, encapuzados e portavam foices, picaretas, pedaços de pau e facões. Eles teriam cortado os freios das locomotivas, quebrado os vidros das portas e janelas a golpes de picareta, além de terem ameaçado atear fogo nas locomotivas.
“A Companhia Vale do Rio Doce reafirma seu repúdio a este tipo de prática criminosa, que vem sendo repetidamente usada pelos integrantes do MST, que novamente põem em risco a segurança de nossos empregados, a livre circulação do trem de passageiros, bem como o abastecimento de combustível para os municípios do Sudeste do Pará, que têm na Estrada de Ferro Carajás sua principal rota de transporte”, diz um trecho da nota.
Ciente das reivindicações do movimento, a Vale afirmou em nova nota divulgada no início da noite que cabe aos governos estadual e federal a condução de um processo de negociação com os integrantes do MST. Alerta que, com a ocupação, 23 municípios do Pará e do Maranhão estão sem transporte para suas populações.
A nota diz, ainda, que a emprsa enviou hoje cartas ao ministro da Justiça, Tarso Genro, e à governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, reiterando preocupação com a gravidade da situação e alertando que a liminar da Justiça Federal determinando reintegração de pose da Estrada de Ferro Carajás (concedida em 17 de outubro) continua valendo.
E, portanto, está sendo desobedecida. As cartas também pedem que os governos estadual e federal tomem as medidas necessárias para que a decisão judicial seja cumprida.