Para investigador, trajeto de jatinho foi anormal, mas é cedo para apontar causas do acidente

06/11/2007 - 14h07

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O chefe do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 4), tenente-coronel-aviador Wagner Cyrillo Júnior, afirmou hoje (6) que é prematuro apontar as causas da queda do avião Learjet modelo A35, no último domingo, em São Paulo.Questionado por jornalistas sobre o que mais chamou atenção noacidente, ele disse que “tudo chama a atenção”,mas ressaltou o trajeto percorrido pelo avião antes da queda. “Acondição de fazer um perfil [trajeto] diferente do normal é algo anormal. Tudo será investigado”. Segundo ele, um conjunto de fatores indicará os motivos do acidente, e não apenas dados isolados.Oito pessoas morreram no acidente: o piloto, o co-piloto e seis moradores de uma das casas atingidas pelo avião, todos da mesma família. Duas ficaram feridas, sendo que uma ainda está internada em estado grave. Segundo Cyrillo Júnior, as informações ainda estão sendo levantadas pelas autoridades. “O avião inteiro é foco de investigação, não apenas o motor”, informou o chefe do Seripa 4. O órgão é ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Aeronáutica.Para o perito Antônio Nogueira, do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo, uma das “hipóteses menos prováveis” é que houve erro humano. “Mas seria um desatino meu, do ponto de vista técnico, especificar uma causa agora”, ressaltou.O tenente-coronel-aviador e o perito conversaram com a imprensa após reunião com a delegada da Polícia Civil Elizabeth Sato, que também investiga o caso. Segundo Cyrillo Júnior, tanto o piloto como o co-piloto estavam credenciados para operar o avião. Sobre a possibilidade de os manetes (mecanismos que servem para o controle da aceleração da aeronave) estarem desalinhados no momento da queda, e se isso poderia ter contribuído para o acidente, o chefe do Seripa 4 afirmou que “esse dado isolado não diz nada”. Já o perito Antônio Nogueira disse que é possível que os manetes tenham se desalinhado com o impacto da queda. “Mas só um exame do sistema de aceleração do motor é que vai dizer isso”, completou.Questionado sobre a existência de um terceiro tanque de combustível irregular no avião, o investigador do Seripa 4 respondeu que há vários tipos de tanques, que são homologados pelo fabricante e, por isso, não haveria irregularidade. “Até o momento não existe nada que leve a essa posição”, disse.Segundo Cyrillo Júnior, ainda não foi definido se a caixa-preta será enviada aos Estados Unidos para análise das informações. “Temos que ter tudo bem analisado a respeito do que será feito para que possamos ter autorização dos órgãos governamentais para fazer uma viagem dessa”.