Com recuo em setembro, crescimento da indústria no terceiro trimestre fica em 1,5%

06/11/2007 - 14h18

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A produçãoindustrial do país recuou 0,5% em setembro, ante o crescimentode 1,3% de agosto. Mesmo com o resultadonegativo, o setor industrial fechou o terceiro trimestre de 2007 comaumento de 1,5% na produção em relação aotrimestre anterior, mas ficou abaixo do crescimento registrado doprimeiro para o segundo trimestre do ano, de 2,5%.De acordo com aPesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta terça-feira (6)pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),16 dos 27 ramos pesquisados diminuíram a produçãode agosto para setembro. Entre eles, veículos automotores, comredução de 3,1%. O setor vinha aumentando a produçãohá quatro meses consecutivos, alcançando expansãode 12,7% no período. Também caíram a produçãode celulose e papel (7,2%) e de outros produtos químicos(3,0%). Já os produtosalimentícios tiveram expansão de 0,8%, e representaramo principal impacto positivo na indústria em setembro.Ao avaliar a produçãoindustrial pelas categorias de uso, a única que apresentouexpansão em setembro foi a de bens de capital, de 1,4%. Emagosto esse crescimento foi de 3,6%. Os bens intermediáriostiveram queda de 1%. Já os bens duráveis e de consumo,que também vinham impulsionando a produção nosúltimos meses, registraram redução de 0,2% e0,3%, respectivamente.Segundo a gerente deAnálise e Estatísticas Derivadas do IBGE, IsabellaNunes, os resultados de setembro mostram uma acomodaçãoda indústria depois de um longo período de crescimento.Ela disse4 que não comprometem a trajetória positiva dosetor em 2007, já que as estatísticas de longo prazocontinuam positivas. “Esse resultadonegativo vem após um crescimento intenso, que vem desde agostodo ano passado. A indústria mostra um fôlego forte e énatural uma acomodação. A média móvel,que é um indicador de tendência, diminui o ritmo, masnão perde a trajetória de crescimento, não saida trajetória de resultados positivos há trêstrimestres consecutivos”, explicou.Ela tambématribuiu o recuo da produção em setembro aos quatrodias úteis a menos no mês do que em agosto, que nãoforam totalmente neutralizados pelo ajuste estatístico (ajustesazonal) utilizado normalmente para comparar dados de mesesdiferentes do ano.“Tivemos um setembrocom número de dias úteis inferior a média e umagosto acima da média histórica. Essa diferençade quatro dias úteis sai um pouco do padrão de ajustesazonal, o que pode ter influenciado um pouco o resultado, puxando-opara baixo”, explicou Isabella Nunes. Comparada a setembro doano passado, a indústria teve aumento de 5,6% na produção,completando 15 meses consecutivos de alta. O crescimento, no entanto,ficou abaixo das taxas registradas em agosto (6,6%), julho (7%) ejunho (6,6%), refletindo também, segundo Isabella Nunes, alémda acomodação da indústria, um dia útil amenos do que no mesmo mês do ano passado.Dos 27 segmentosavaliados, 21 ampliaram a produção. O desempenho commaior impacto positivo foi o do ramo de veículos automotores,que expandiu 23,2%.Todas as categorias deuso tiveram taxas positivas. A maior delas continuou sendo, como emagosto, a de bens de capital (21,9%), seguida de bens de consumoduráveis (13,2%). Isabella Nunes destacouessa característica do crescimento apontando-a como sinal deboas perspectivas para a continuidade da expansão daindústria. “Esse crescimento baseado em bens de capital eduráveis é uma qualidade de crescimento boa, na medidaque se tem uma perspectiva de aumento de capacidade [da produção]quando esses investimentos maturarem”. A produçãode bens intermediários (3,7%) e a de bens de consumo semi enão-duráveis (2%) cresceram abaixo da média daindústria.Nos nove meses de 2007,a produção industrial acumulou alta de 5,4%, em relaçãoao mesmo período de 2006. A principal contribuiçãopara o crescimento partiu do segmento de veículos automotores(12,5%), vindo a seguir máquinas e equipamentos (17,5%),outros produtos químicos (5,8%) e metalurgia básica(6,7%).