Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A família do brasileiro Jean Charles de Menezes - morto em julho de 2005 ao ser confundido com um terrorista no metrô de Londres - define como “simbólica” a multa recebida pela Scotland Yard, a polícia inglesa.“Ninguém no Brasil está sabendo direito o que é isso. É a mesma coisa que multar uma pessoa em R$ 5. O valor de 175 mil libras, na Inglaterra, para quem é inglês, não é nada”, disse o primo de Jean Charles, Alex Pereira. “A média do valor da casa de uma pessoa pobre aqui é o dobro. Essa multa não é nada. É simbólica”.A Justiça britânica condenou a polícia a pagar uma multa de 175 mil libras (cerca de R$ 630 mil) pela operação que levou à morte de Jean e 375 mil libras (cerca de R$ 1,4 milhão) pelas custas do processo. Mas, como explica Pereira, a multa é referente ao risco a que a instituição submeteu a população, e não à morte de seu primo.Além disso, Alex Pereira afirma que a multa não pode ser considerada uma forma de punição, já que o dinheiro deverá ser pago ao Estado que, por sua vez, irá repassá-lo novamente à instituição. “Seria o dinheiro da população, o meu próprio dinheiro,que estaria indo para o Estado e devolvido à polícia. É assim que funciona. Não é como no caso de uma grande empresa privada, que poderia ser penalizada em até três vezes esse valor”.O primo de Jean Charles diz que a família, apesar de considerar a Justiça britânica burocrática, vai continuar buscando uma solução para o caso. Ele conta que os advogados vão abrir inquérito, com o apoio da Comissão Independente de Queixas da Polícia (IPCC, na sigla em inglês) e provar “a mentira” montada pela polícia. “Agora, vem a acusação de drogas e mais coisas que a gente não tem como contestar. O Jean não reagiu. Não teve oportunidade de fugir ou se defender e foi morto. Matar sempre é errado, ainda mais nesse caso que não foi de legítima defesa”, disse Pereira. Para ele, "a Justiça britânica é bem pior do que a do Brasil".Jean Charles foi morto por policiais à paisana, na estação de Stockwell. No dia, houve uma tentativa frustrada de ataque terrorista no metrô. De acordo com a versão da polícia britânica, os agentes confundiram o brasileiro com um terrorista. Já o IPCC alegou que o rapaz era “inocente” e foi morto no trajeto para o trabalho.