Diferença entre projeção e contagem dos habitantes prejudica repasse de verbas para município, diz prefeito

03/11/2007 - 12h02

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oprefeito do município de Campos Verdes (GO), Noé AfonsoFilho, considera que o Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) errou ao projetar a populaçãoda cidade para 2006. No ano passado, segundo a estimativa feita pelo instituto, havia 1.707 pessoas morando no município, mas acontagem populacional realizada neste ano mostra que a cidade tem 6.393 habitantes.Segundo oprefeito, os números atuais são os corretos. Eleexplica que Campos Verdes teve uma queda populacional desde 1996, porcausa do êxodo de pessoas que trabalhavam em minérios deesmeralda na cidade. “Mas nunca houve só 1,7 mil moradores”,afirma. Segundo ele, o IBGE estimou que a populaçãocontinuaria caindo, o que não ocorreu.Oprefeito reclama que os números apresentados pelo IBGEprejudicaram o município, que recebeu menos verbas federaisdevido à estimativa realizada. “O município teve umgrande prejuízo neste período, porque as verbas parasaúde e educação são contadas pelapopulação”, diz o administrador. O prefeito diz quejá enviou ofício para os órgãos estaduaise federais para atualizar os números da populaçãoda cidade.Para oprefeito em exercício de Japurá (AM), PedroFélix, o que está errado é a contagem feitaneste ano, que mostra que a população da cidade éde 5.280 pessoas. A projeção feita pelo IBGE para 2006mostrava que havia 13 mil moradores no município.Félixdiz que muitas casas não foram visitadas pelos recenseadores.“Só nos colégios municipal e estadual da cidade temos2 mil alunos. Se multiplicar esse número por três,levando em conta o pai e a mãe dos alunos, já temoscerca de 6 mil pessoas”, explica.Elediz que o município já pediu a recontagem da populaçãoao IBGE, pois poderá ser prejudicado no repasse de verbasfederais. “Se isso [a recontagem] não acontecer,Japurá vai passar por grandes dificuldades para atender àpopulação e cumprir nossos compromissos”, diz oprefeito.O coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE,Luiz Antônio Pinto de Oliveira, explica que as tendênciasde declínio ou de crescimento da população nosmunicípios são incorporadas às projeções,e, às vezes, isso não é confirmado. “Aconteceque a estimativa está prevendo a população combase em uma tendência anterior de crescimento, mas o municípiojá está perdendo população porque eledeixou de ser atrativo do ponto de vista econômico, de serviço,educação”, exemplificou.SegundoOliveira, em todos os municípios nos quais a contagempopulacional foi realizada neste ano, foram instaladas comissõesconsultivas com representantes da comunidade para acompanhar otrabalho dos recenseadores. Ele afirma que, se for necessário,o IBGE vai a campo novamente para confirmar os números emalgumas localidades.Emrelação a possíveis prejuízos causadosaos municípios em função dos númerosapresentados pelo IBGE, Oliveira justifica que o instituto nãoé responsável por determinar os critérios para adistribuição dos recursos federais. “O IBGE sómede a população e não tem a menor ingerênciasobre as formas de distribuir esses fundos. Talvez a forma dedistribuir os recursos não seja a mais adequada”, avalia.