Julio Cruz Neto
Enviado especial
Buenos Aires (Argentina) - Votoeletrônico, os argentinos ainda não adotaram. Mas emtermos de direitos humanos, já colocaram em prática umprocedimento utilizado no Brasil (leia mais ao lado). Ospresidiários do país vizinho tiveram a oportunidade devotar pela primeira vez nas eleições do últimodomingo (28), que consagraram Cristina Kirchner como presidenteeleita no primeiro turno.Segundoo Ministério da Justiça argentino, votaram 782 internos dosistema penitenciário federal em 11 províncias(estados), de um total de cerca de 9,2 mil. O país tem aotodo 27 milhões de eleitores. Só podem votar os presidiários que estão sendo processados, em regime de prisãopreventiva, mas ainda não foram condenados – assim como no Brasil.Para que eles pudessem votar, as urnas foram levadas atéos presídios e passadas de pavilhão em pavilhão.Dois fiscais partidários acompanharam o processo, ambos daFrente para a Vitória, coligação de CristinaKirchner.Algunsse negaram a votar porque era dia de visita e não quiseramabrir mão de estar com os familiares, informou àAgência Brasil Paula Alvarracin, funcionária doministério que acompanhou a votação.Segundoela, os presidiários têm acesso a meios de comunicaçãopara se informar sobre a disputa eleitoral, como rádio,televisão e jornal, que pode ser comprado nos presídios.“Muitos disseram que se informaram através dos parentes.”Paulaconta que vários detentos afirmaram que, a partir dessainiciativa, os políticos vão se interessar mais peloque ocorre no sistema prisional.Alei que dá aos detentos argentinos o direito de votar foi sancionada peloCongreso Nacional em 2003 e regulamentada no ano passado pelopresidente Néstor Kirchner.