Funcionamento de Angra 3 evitaria redução do fornecimento de gás, diz especialista

02/11/2007 - 9h15

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Se a usina nuclear deAngra 3 estivesse pronta, a redução do fornecimento de gásnatural para as distribuidoras do Rio de Janeiro e de SãoPaulo, realizada no último dia 30 pela Petrobras, não seria necessária. A avaliação é dopresidente da Associação Brasileira para oDesenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), Ronaldo Fabrício.Ele explicou que durante algum tempo o Operador Nacional doSistema Elétrico (ONS) considerou que as usinas térmicassó deveriam entrar em funcionamento em situaçõesde emergência, em períodos secos e se faltasse águapara as hidrelétricas. A partir de teste realizado pelaAgência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),constatou-se que somente 30% das termelétricas teriamcondições de operar no caso de uma hidrologiadesfavorável, “porque as outras não tinham gás”,citou Fabrício.De acordo com análise dopresidente da Abdan, o ONS quer guardar um pouco mais de reserva emágua, fazendo com que as térmicas operem, sempressionar os reservatórios. Por isso, foi feito um acordo coma Petrobras que garante o gás para as usinas térmicas,sob pena de uma multa pesada. “Então, agora, quando astérmicas despacharam, a Petrobras foi obrigada a cumprir oacordo e a cortar o gás das distribuidoras”.“Senós tivéssemos prosseguido Angra 3, logo apósAngra 2, a usina estaria pronta agora e, seguramente, nãohaveria necessidade dessa situação porque Angra 3representaria 1.350 megawatts firmes de energia. Isso equivale aodobro de uma hidrelétrica. Mas, infelizmente, houve esseatraso e nós vamos ter que recuperar”, explicou Fabrício.Estudo elaborado pelaAbdan revela que, embora o custo de geração de umausina térmica a óleo seja bem reduzido em relaçãoàs demais fontes de energia termelétrica, o custo médiodo combustível por megawatt/hora é o mais caro.Enquanto o custo médio do óleo usado por umausina atinge R$ 388,98 megawatt por hora, o das usinas nucleares éde R$ 13,08 megawatt/hora e o de uma térmica a gásalcança R$ 80,45. “A opçãopelo óleo combustível é a mais desfavorávelpossível. Não só em termos de poluição,de emissão de gás carbônico, mas em termos decusto também”, acredita Fabrício. Para o executivo, detodas as usinas térmicas, a mais barata para ser operada,depois de construída, é a nuclear.O presidenteda Abdan defendeu, entretanto, que diante da perspectiva decrescimento econômico do Brasil acima de 5% ao ano, o paísdeve utilizar todas as fontes de energia que tiver. “Nósestamos numa fase em que o país está querendo dar umsalto para a frente e a energia é um gatilho para isso. Semenergia, nós estamos perdidos”, concluiu Ronaldo Fabrício.