Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A relaçãofeita entre o funcionamento da usina nuclear de Angra 3 e o fornecimento de gáspara as térmicas foi chamada de "equivocada" pelo diretor daCoordenação de Programas de Pós-Graduaçãode Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ),Luiz Pinguelli Rosa.“Angra 3 vai levar oito anos paraser finalizada. Vai ficar pronta muito depois de qualquer risco dedéficit de abastecimento de energia previsto no país”,argumentou Pinguelli, reiterando a existência de um risco dedesabastecimento de energia a partir de 2010.Em entrevista àAgência Brasil, o presidente da AssociaçãoBrasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan),Ronaldo Fabrício, afirmou que se a usina nuclear de Angra 3estivesse pronta, o corte do fornecimento de gás natural paraas distribuidoras do Rio de Janeiro e de São Paulo, realizadono último dia 30 pela Petrobras, não teria sidonecessárioO diretor da Coppedisse que Angra 3 não é o “xis” do problema porquesua capacidade de geração de energia é de 1.300megawatts, contra 3.300 megawatts do programa de pequenas centraishidrelétricas à base de biomassa, ou bagaço decana.Pinguelli, que também ésecretário-executivo do Fórum Brasileiro de MudançasClimáticas, descartou a hipótese de que a reduçãode gás às distribuidoras feita pela Petrobras estejavinculada à falta de chuvas. Segundo ele, os reservatóriosde água das hidrelétricas estão mais cheios doque estavam no fim do ano passado. “Na realidade, nãotem nada a ver com a chuva mas, sim, com o risco de déficitpara o período de 2010 em diante”, sentenciou. Pinguelli analisou queao despachar as térmicas antecipadamente, o governo estáse prevenindo para evitar o que ocorreu em 2001, quando houve oapagão de energia, em que as termelétricas emergenciaisentraram em operação tarde demais. “E aí foiinevitável o racionamento”, recordou.Apesar de adiretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça SilvaFoster, ter afirmado na quarta-feira (31) que o corte de gásàs distribuidoras não estaria vinculado a umdesabastecimento de energia, Pinguelli garantiu que a estatal selimitou a cumprir ordens do governo. “Não foi a Petrobrasque resolveu parar com o gás. Foi o governo que mandou aPetrobras fazer”, salientou.