Flávia Martin
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os moradores dasfavelas do Rio de Janeiro acham importante a presença dapolícia nas comunidades, mas consideram imprescindíveluma mudança nas atividades rotineiras e o fim dasoperações policiais.As conclusões são da pesquisa Rompendo o cerceamento dapalavra: a voz dos favelados em busca de reconhecimento, realizadaentre 2005 e 2007, e divulgada hoje (25) pelo Instituto Brasileiro deAnálise Sociais e Econômicas (Ibase) e InstitutoUniversitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).Os depoimentos, segundoo professor de sociologia do Iuperj Luiz Antônio Machado,mostram a necessidade do desenvolvimento de uma política desegurança pública que leve em consideraçãoas impressões de quem mora nas favelas."A idéia deque se consegue ordenar a vida social na base da guerra éerrada, porque a repressão não garante a ordem. Paraque exista a ordem social, é preciso que as pessoas consigamdiscutir seus problemas. E, decididamente, os moradores [dasfavelas] imploram pela presença da polícia, mas como uso comedido da força", disse.O estudo tambémconcluiu que são os jovens os mais afetados pela violêncianas comunidades. Coordenador da pesquisa, Machado disse que elescostumam alterar seu cotidiano para evitar a punição,tanto do tráfico quanto da polícia."Em relaçãoà polícia, eles não podem fazer nada. Quanto aotráfico, eles tentam identificar quais são as marcasdas facções. E, muitas vezes, eles não usamcertos tipos de marca de roupa, não andam em determinadaslinhas de ônibus que possam identificá-los com a facçãorival da que comanda a comunidade onde eles moram", informouMachado.As conclusões doestudo serão discutidas no seminário Favela écidade! Violência e ordem pública, a ser realizadosegunda (29) e terça-feira (30), no Rio de Janeiro.