Especialista diz que agricultura familiar ainda participa pouco da produção de biodiesel

21/10/2007 - 9h30

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aagricultura familiar ainda não está participando comopoderia da produção de biodiesel no país. Aavaliação é do consultor do portal especializado Biodieselbr, Univaldo Vedana. Segundo ele, a agriculturafamiliar representa menos de 5% do total da produção dematéria-prima para o biodiesel.SegundoVedana, para mudar esse quadro é preciso, primeiramente,definir as culturas que a agricultura familiar possa trabalhar. “Hánecessidade de pesquisar e chegar a um consenso para saber qual amelhor alternativa para cada região, e isso écomplicado. São muitas as opções ealgumas precisam ser estudadas”, avalia.Eletambém considera que é preciso atualizar o programa debiocombustíveis desenvolvido pelo governo e estender, por exemplo,os benefícios do Selo Combustível Socialpara usinas que utilizem óleo de cozinha usado. “Nãotemos pobres só no campo. Nós temos o pessoal dareciclagem das grandes cidades que também precisam deincentivo”, afirma.Oconsultor argumenta também que a produção deoleaginosas pela agricultura familiar não é suficientepara atender às exigências do governo para a concessãodo Selo Combustível Social. “É difícilorganizar milhares de produtores para que produzam determinadoproduto, não é tão simples assim. Falar éfácil, agora, ir lá no campo, convencer os pequenosprodutores, dar condições para que eles produzamdeterminado produto para a empresa poder ter benefício écomplicado”, diz.Atualmente,para obter o selo, as indústrias devem comprar um mínimode 10% de matéria-prima de agricultores familiares nas regiõesCentro-Oeste e Norte, 30% no Sul e Sudeste e 50% no Nordeste.Vedanadefende que o incentivo seja dado para que a agricultura familiarparticipe da produção de biodiesel, mas por meio doplantio de culturas perenes, que tenham alta produçãode óleo por hectare e que exijam alto emprego de mão-de-obra.SegundoVedana, a atual produção de biodiesel depende aproximadamente de 80% do óleo de soja, 15% de gordura animal e o restante deoutros óleos vegetais. “O preço da soja é ditado pelo mercadointernacional, e hoje está muito caro. Como se vai fazerbiodiesel para ser competitivo com o diesel de petróleo, se amatéria prima já está mais cara que o diesel”,questiona.Para ele,o governo precisa criar políticas agrícolas voltadas àprodução de outros óleos que não tenhamfins alimentares, que sejam específicos para o biodiesel.Vedana lembra que o Brasil tem terras e condições paraisso. Há também um período de entressafrano qual 70% da área agrícola não éutilizada.“Temosuma gama de culturas com tecnologias, com conhecimentos jádominados, faltando apenas incentivo para que o produtor plante, ou agarantia de compra da produção. É isso que estáfaltando para o biodiesel realmente deslanchar”, conclui Vedana.