Brasileiros reclamam de subsídios do governo Kirchner ao setor de trigo

21/10/2007 - 13h31

Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - Pelo menos emprincípio, nada deve mudar no comércio de trigo efarinha entre Brasil e Argentina depois da eleição presidencial do país vizinho, no próximo domingo (28). É essa a expectativa daCâmara Setorial da Cadeia Produtiva das Culturas de Inverno e da Associação Brasileira da Indústria doTrigo (Abitrigo), que reclamam de subsídios praticados pelo governo de Néstor Kirchner.Com esse apoio do poder público, a farinha, principalmente, tem sido exportada a preçosabaixo do mercado. “Ela [a Argentina] está fornecendo muitafarinha, e essa farinha sim nostraz alguns percalços, porque entra [no Brasil] de uma formasubsidiada”, diz o presidente da Câmara Setorial, RuiPolidoro.Opresidente do conselho deliberativo da Abitrigo, Luiz Martins,explica que, desde 2002, o governoargentino manobra para aumentar a venda de farinha para oBrasil, fazendo incidir um imposto de 20%, maior que o do trigo em grão, que é de 10%. “Colocando10% sobre a farinha e 20% sobre o trigo, logicamente o que o governoargentino quer é que o que os argentinos exportem para oBrasil não o trigo, mas a farinha, um produtomanufaturado”.A tonelada de trigo vendida para moinhos brasileiros custa US$ 180. Já os moinhosargentinos que pretendem vender farinha para o Brasil pagam US$120.Parao dirigente, essa política do governo Kirchner prejudica ocomércio entre os países. “Nos governos anteriores, nós nunca tivemos problemas, sempreconcorremos em igualdade de condições com os moinhosargentinos. A partir desse novo governo, temos dificuldade, existesubsídio e nós temos que lutar desigualmente nomercado”.Ele não vê futuro nessa prática. “Nósentendemos que essa política de subsídio, primeiro,contraria o mecanismo do Mercosul. Em segundo lugar, não temvida longa. O subsídio nunca teve vida longa em lugar nenhum”.