Para Justiça Global, Rio adota “política de produção de mortes como critério de eficiência”

18/10/2007 - 16h55

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As ações adotadas pela Secretaria deSegurança Pública do Rio de Janeiro no combate àviolência e à criminalidade nas favelas nãoproduzem o resultado desejado. A opinião é da diretora executiva daorganização não-governamental JustiçaGlobal, Sandra Carvalho, que avalia que as operações da PolíciaCivil, como a que deixou 12 mortos nas favelas da Coréia e doTaquaral ontem (17), não trazem benefícios para apopulação."Isto não traz segurança para asociedade e não combate o tráfico de drogas - na medidaem que não há um trabalho de inteligência portrás destas ações. É extremamentepreocupante que o governo adote a política de produçãode mortes como critério de eficiência", criticou adiretora.De acordo com Sandra, no início denovembro, o Brasil receberá a visita do relator especial daOrganização das Nações Unidas (ONU) sobreexecução sumária. "O objetivo da visita étratar deste tipo de ação que vem acontecendo nascomunidades carentes", informou a diretora à AgênciaBrasil.Segundo ela, as cenas de ontem (17), mostradaspela televisão, são episódios que se repetemdesde o início do mandato do governador Sergio Cabral, cujoponto alto foi  a morte de 19 pessoas no Complexo doAlemão, em junho deste ano."Nós estamos acompanhando com extremapreocupação as ações e os excessos dapolícia do Rio. Temos, inclusive, alertado as comunidades eorganismos internacionais de proteção aos direitoshumanos contra esses excessos", disse Sandra.Sobre a operação realizada nas favelas da Coréia e do Taquari, Sandragarante que vai acionar as entidades que cuidam da questão."Vamos encaminhar também um dossiê com essas novasdenúncias para os organismos internacionais", antecipou.A Justiça Global, juntamente com outras entidades, mantém uma campanha pelo fim do caveirão - veículo blindado utilizado pelas polícias civil e militar para operações nas favelas cariocas. A campanha Caveirão, Diga Não teve início em março de 2006. O objetivo é modificar a política de segurançapública do estado, principalmente com relação ao policiamento nas favelas, por meio do fim à intimidação, discriminação e violência contraas comunidades.