Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Federação de Favelas do estado do Rio de Janeiro (Faferj), a organização não-governamental Justiça Global e a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) criticaram, em entrevista à Agência Brasil, a política de segurança pública adotada no estado pelo governador Sérgio Cabral Filho.Na avaliação das principais lideranças dessas entidades, o resultado da atual política de segurança, baseada no confronto, é a morte de muitas pessoas inocentes. Ontem (17), uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro nas favelas da Coréia e do Taquaral, em Senador Camará, zona Oeste da cidade, deixou doze mortos, cinco feridos e acabou com a prisão de doze pessoas. Além disso, foram apreendidas doze armas, quatro granadas,munição e doze tabletes de maconha e papelotes de cocaína. O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, defendeu aação e disse que as mortes aconteceram devido à forma como ostraficantes enfrentam a polícia.Para o presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, a polícia do Rio é a que mais mata e a que mais morre no país. “Isso faz dos policiais do estado, ao mesmo tempo, algozes e vítimas dessa política de segurança. O que nós estamos assistindo é o aumento da insegurança e da criminalidade. Quanto mais aumenta a violência policial, mais aumenta a dos bandidos e é nessa escalada que nós estamos sucumbindo a este tipo de política pública governamental”.Para o presidente da Faferj, Rossino Diniz, as cenas deviolência presenciadas na favela da Coréia são o resultado da política desegurança do atual governo, que resolveu dar autonomia para a polícia. “É um governo que só mata pobre e favelado. Eu nãosou contra a polícia trabalhar, mas não dessa maneira: assassinando ematando. A polícia foi omissa e corrupta durante muitos anos e agoraquer descontar nas comunidades", alertou. "Quando a polícia entra atirando são osmoradores que sofrem. Ontem foi um garoto de quatro anos, na Penha foiuma senhora de 95 que morreu dentro de casa. Está muitocomplicada a situação”, concluiu Diniz.A ONG Justiça Global tambémcondenou as ações da polícia na favela da Coréia. A diretora executivada entidade, Sandra Carvalho, afirmou que a ONG vai encaminhar uma denúncia à Organização das Nações Unidas (ONU) relatando as “execuções” ocorridas na favela daCoréia.Segundo ela, a atual política de segurança públicaadotada pelo governo do estado é “de criminalização da pobreza e deextermínio de moradores das comunidades pobres".Desde ontem (17), a capital fluminense abriga o 1º Seminário de Favelas do Rio, encontro organizado com o apoio da ONU na sede do Sindicato dos Jornalistas do Município, e que reúne organismos e entidades que discutem formas de combater a miséria e a violência. O tema debatido ontem (17) foi a eliminação da pobreza. Hoje (18), o assunto principal é "Mídia e Criminalização das Favelas".