Valor da produção agrícola brasileira cresce 2,9% de 2005 para 2006, revela pesquisa

17/10/2007 - 9h04

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A produção agrícola brasileira gerou R$ 2,8 bilhõesa mais em 2006 do que em 2005, um crescimento de2,9%, impulsionado principalmente pelas culturas de cana-de-açúcar, café elaranja.

O valor de produção obtido a partir de 62,3 milhões de hectares plantados no paísem 2006, foi de R$ 98,3 bilhões. O avanço ocorreu mesmo com uma redução de 3%na área plantada em relação ao ano anterior.

O valor da produção agrícola brasileira não atingiu, no entanto, opatamar de 2004, quando houve o recorde de cerca de R$ 111,2 bilhões.

Os dados fazem parte da pesquisa Produção AgrícolaMunicipal 2006 – Culturas Temporárias e Permanentes (PAM) divulgada hoje (17)pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o levantamento, o desempenho maissignificativo para o avanço na geração de recursos com a agricultura nacionalfoi o observado no cultivo de cana-de-açúcar. O volume produzido aumentou8,1% em relação a 2005 e o valor obtido com a produção, quase R$ 17bilhões, cresceu 29% na mesma comparação.O analista agrícola do IBGE Alfredo Guedesdestacou a contribuição da cultura para a receita agrícola nacional. “Acana-de-açúcar vem crescendo nos últimos anos e em 2006 não foi diferente. É asegunda maior cultura em termos de valor, responsável por 17,3% do valor totalda produção agrícola. Tanto tivemos aumento na produção como os preços estavamaltos e isso favoreceu muito esse crescimento de 2,9%”.

Segundo Guedes os cerca de R$ 3,8 bilhões a mais gerados pela cultura da cana, resultaram da alta do preço do produtoem função do aumento da demanda no mercado nacional e internacional paraprodução de álcool combustível.

A pesquisa também apontou expansão de 37,1% nareceita gerada com a produção de café, de 2005 para 2006. O aumento refletiu oano de safra cheia, com o ciclo bianual do produto fechado em 2006. As condições meteorológicas e os preços internacionais favoráveis também contribuírampara que o café fosse responsável por 9,5% do valor da produção agrícolanacional.

 De um anopara o outro, a safra do café beneficiado cresceu 20,2%, passando de 35,6milhões de sacas em 2005 para 42,8 milhões no ano passado. Segundo Guedes, noentanto, o aumento da produção foi o esperado para um ano de safra cheia,enquanto o diferencial foram preços melhores do produto, valorizado com oaumento da demanda no mercado internacional.Outro destaque foi a produção de laranja, cujareceita foi ampliada em 33,1% concentrando 5,4% dos recursos financeirosgerados pela agricultura nacional. O volume produzido também aumentou cerca de1%, chegando a 18 milhões de toneladas. Segundo Guedes, porém, o que motivou aexpansão na receita foi a elevação da cotação da matéria-prima no mercadoexterno por causa de problemas climáticos que afetaram a produção cítrica nosEstados Unidos, principal concorrente do Brasil.

Naavaliação do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, JoelNaigele, os resultados da pesquisa mostram a exuberância da produção agrícolabrasileira. “Considero os dados muito bons. As perspectivas são muito boasporque a cada ano mais consumidores estão se incorporando ao mercado”.

Naigele destacou a diversidade de culturas agrícolas, que faz com que os produtores e opaís tenham alternativas quando determinado produto tem o desempenho afetado ehá necessidade de investir em infra-estrutura para que o setor continue sedesenvolvendo. “O produtor brasileiro é o de mais economicidade do mundo. Agente só perde quando enfrenta a falta de infra-estrutura adequada comoestradas, portos e ferrovias, que são o grande gargalo da produção agrícolabrasileira”.A pesquisa Produção Agrícola Municipal investiga 63produtos das lavouras temporárias e permanentes da agricultura nacional, apartir de informações geradas em todos os municípios do país. Os dados sobrecereais, leguminosas e oleaginosas, que também fazem parte da pesquisa já foramdivulgados antecipadamente pelo IBGE no mês de julho, apontando redução valorgerado pela da produção da soja, do algodão herbáceo, do arroz e do trigo, quesofreram com baixos preços dos produtos no mercado internacional, com avalorização do real, e em alguns casos, com estiagens e geadas.Apesar de ter sido atingida pelos preços, a soja tevesafra recorde (cerca de 1,2 milhões de toneladas) e continua sendo a culturacom maior contribuição o valor da produção agrícola brasileira, responsável por18,8% dela, seguida por cana-de-açúcar (17,3%), milho (10,1%) e café (9,5%) elaranja (5,4%).