TSE tenta aumentar número de eleitores de 16 e 17 anos

17/10/2007 - 18h36

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Entre outubro de 1992e junho de 2007, o número de jovens com 16 e 17 anos queoptaram por tirar o título de eleitor caiu de 3,57%  para 1,66% doeleitorado. A diferença, de 1,91%, foi constatada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que começou, na última segunda-feira (15), uma campanha para aumentar o número de eleitores com essa faixa etária. Até a primeira quinzena de dezembro, emissoras de rádioe televisão de todo o Brasil devem veicular os filmes espots produzidos pelo TSE para atrair o interesse desse público. A opçãopelo voto é facultativo a quem faz parte deste grupo. Quemtinha 16 anos em 1992 e resolveu exercer a cidadania pelo voto faziaparte de 1,55% de todo o eleitorado brasileiro. Hoje, eles sãoapenas 0,4% - uma queda de 1,15%. A diferença é menor entreos que têm 17 anos: enquanto em 1992, eram 2,02% dos eleitoresdo país, hoje são apenas 1,26% - diferença de0,76%. A queda no número de eleitores com idade entre 16 e 17 anos é reflexo do comportamento da juventude brasileira e da própriasociedade que acreditam mais no trabalho de organizaçõesnão governamentais e grupos religiosos do que no engajamentopolítico. A conclusão faz parte de um estudo divulgado pelo Instituto Pólis de Estudos e Assessoria em PolíticasPúblicas e pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas(Ibase). Apesquisa Juventude Brasileira e Democracia – Participação, Esferas e Políticas Públicas buscou investigar valores da juventudebrasileira com relação à participação política. Ametodologia da pesquisa envolveu a aplicação de um questionário a 8 mil jovens e o debate, em grupos, sobre diversos temas. De acordo com os dados, o tema “política” apareceu em apenasquatro grupos (do universo de nove). Apesquisadora Ozanira da Costa coletou os dados no Distrito Federal e considera aparticipação da juventude na vida pública, em geral, muitobaixa. “A gente percebeu uma participação ínfimae os jovens não têm se estimulado para participar dasesferas públicas", disse. "A gente percebe uma vontade deles, mas não existem espaçospúblicos que viabilizem essa participação” Descrentecom a política,a estudante brasiliense do ensino médio Lavne Ágata deBarros, 16 anos, é uma das que engrossam as estatísticas doTSE. Para ela, apenas uma grande mobilização popularpoderia transformar o cenáriopolítico nacional. “Aqui no Brasil a política jáé um caso perdido", afirmou a estudante. "Como eu não sou obrigada, entãoé melhor eu não votar”, concluiu. A estudante, entretanto, acreditaem mudanças por outros métodos. “Eu acho que as ONGsestão ajudando as pessoas no lugar da política, o que émuito melhor.”A carioca Janaina Maia Borges, 17 anos, já tirouo título de eleitor e acredita que a participaçãodos jovens é fundamental para o destino da política edo país. Militante do movimento estudantil e ligada àjuventude do PC do B, ela atribui o pouco interesse da juventude pelavida política à alienação provocada pelamídia e às falhas do sistema escolar. Para ela, esses fatores nãoestimulam o desenvolvimento do senso crítico.“As pessoas sãoeducadas apenas para o mercado de trabalho e não para seremcidadãs”, afirma a estudante do ensino médio. Janainanão considera o voto a melhor forma de participação,mas acredita que é um processo de esclarecimentoideológico. “O voto não é a causa, mas aconsequência do esclarecimento político”, completou.