Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A produção agrícola brasileira teve um ano atípico em 2006, com avanço da fruticultura na participação da receita gerada pela agricultura. Enquanto houve redução de cerca de 15,1% no valor obtido com a produção nacional de grãos, o valor arrecadado com a produção de frutíferas cresceu 22,6%.Com 4,8% dos 62,3 milhões de hectares plantados no país, o cultivo de frutos foi responsável por 16,8% do valor da safra do ano passado. De 2005 para 2006, houve expansão na produção de laranja (1%), banana (3,8%) e uva (2,0%). Juntas, elas correspondem a 58,7% da produção nacional de frutíferas. Também foram maiores as safras de outros produtos com menor peso no segmento, como manga (21,5%), maçã (21%), mamão (20,6%) e abacaxi (11,7%).As informações constam da pesquisa de Produção Agrícola Municipal 2006 (PAM), divulgada hoje (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo Flávio Bolliger, da Coordenação de Agropecuária do IBGE, no ano passado, a fruticultura se destacou em relação a outras culturas.“Em 2006 nós tivemos problemas de estiagem e de preços nos principais grãos (soja, milho, algodão) e tivemos um ano muito bom para a fruticultura, de maneira que a posição relativa da fruticultura dentro da agricultura nacional melhorou. Este ano, por exemplo, municípios como Petrolina [PE] e Juazeiro [BA], concentrados em fruticultura, aparecem no ranking nacional.”Os dois municípios nordestinos citados pelo técnico apareceram pela primeira vez entre os 10 primeiros com maior valor de produção agrícola no país. Antes deles, a fruticultura não figurava no ranking.Juazeiro, que ficou na quarta posição, teve aumento de 56,3% no valor da safra, baseada principalmente no cultivo de manga. Houve expansão de 2 mil hectares plantados e alta de 15,5% no preço do produto. Em Petrolina, que ocupa o sexto lugar entre os municípios, o crescimento na produção agrícola foi de 18,6%, principalmente em função do plantio de uva. O município assumiu a liderança nacional na produção da fruta, antes ocupada por Bento Gonçalves (RS).Localizados no perímetro irrigado pelo Rio São Francisco, com produção voltada para a exportação, Petrolina e Juazeiro foram os principais responsáveis pelo aumento na receita das frutíferas. Segundo Bolliger, o desempenho positivo do segmento foi beneficiado pela valorização dos produtos no mercado internacional, como a manga e a uva.Também foi o caso da laranja, a mais importante das frutíferas nacionais, que responde por quase 33% da renda obtida com o cultivo de frutas no país. Embora o aumento na produção tenha sido de 1%, em 2006, o valor da colheita foi 30% maior que no ano anterior.A expansão foi impulsionada pela alta de preço do produto no mercado externo, decorrente de  problemas climáticos que afetaram a produção cítrica nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil.O levantamento do IBGE também aponta crescimento na safra de mamão e abacaxi, mantendo o Brasil como maior produtor mundial dos dois frutos.Também cresceu a produção de banana, segunda cultura frutífera do país. Segundo a pesquisa, a Bahia concentra 17% da produção nacional, com crescimento de 21,3% na colheita em 2006. Com o resultado, o estado ultrapassou São Paulo, que em 2005 era líder no cultivo do produto. A inversão na posição também se deve à queda de 0,2% na produção paulista, cujas lavouras passaram por uma renovação de cultivares tradicionais por outras resistentes à sigatoka negra, doença que vem atacando os bananais comerciais do Sul e Sudeste. Já a produção de uva, que vem crescendo desde 2002, foi ampliada em 2%. Embora Petrolina seja o município que obteve maior receita com o fruto, o estado do Rio Grande do Sul continua sendo o principal produtor nacional, concentrando 49,6% da safra. Enquanto no Sul o cultivo é voltado para a produção de vinho com variedades menos nobres, no Nordeste o plantio é focado na uva de mesa, com valor mais elevado, principalmente no mercado internacional.A produção de maçã, que cresceu 1,5% de 2005 para 2006, somou 8,63 mil toneladas da fruta, concentradas no estado de Santa Catarina, que é responsável por 57,5% da safra nacional. O município catarinense de Fraiburgo respondeu por 21% da colheita do país