Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-assessor especial da Presidência do Senado Francisco Escórcio esteve hoje (17) na Casa e falou sobre a acusação de ter tentando espionar dois senadores à mando do presidente licenciado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele voltou a negar a denúncia, disse que tudo não passa de "armação política" e reclamou que foi demitido sem ter "o foro especial" para se defender.Em reportagem publicada na revista Veja, Francisco Escórcio, ex-senador pelo PMDB do Maranhão, é acusado de ter ido ao hangar de Pedro Abrão em Goiânia com a proposta de instalar câmeras de vigilância para filmar os senadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO) em possíveis atividades impróprias, como pegando carona em aviões particulares. Escórcio disse que esteve em Goiânia para tratar de vários assuntos, entre eles, o de uma decisão judicial que teria sido divulgada contra a construtora da qual seria proprietário. "Não fui em hangar. Fui com o meu carro, às minhas custas. Não estive com o senador Renan Calheiros", afirmou. "Não fui bisbilhotar ninguém."O ex-assessor especial da Presidência do Senado contou que esteve ontem na residência de Renan Calheiros para "agradecer a confiança". "Em momento algum extrapolei aquilo que deveria fazer dentro das minhas funções de assessor especial da Presidência do Senado Federal."O PSDB e o DEMprotocolaram no dia 9 de outubro na Mesa Diretora do Senado uma representaçãocontra Renan Calheiros por quebra de decoroparlamentar a partir das acusações divulgadas pela revista Veja sobre a atuação de Francisco Escórcio.Na representação,os partidos afirmam que Renan estava se valendo desuas prerrogativas para "montar um esquema de espionagem sobresenadores da República, com nítida intençãode chantageá-los".No mesmo dia em que o PSDB e o DEM apresentaram a representação, Renan afastou Escórcio da função de assessor e pediu a abertura de um sindicância."Jamais um servidor de carreira do Senado, que fez sua vida aqui e cujofuturo dele e da família está aqui, iria se prestar a um papel indignoe ilegal como o que foi relatado", defendeu o presidente licenciado do Senado. No dia 11 de outubro, ao pedir licença do cargo por 45 dias, Renan Calheiros negou ter encomendado a espionagem.