Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao mesmo tempo em quecondena o desmatamento ilegal na Amazônia, a Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) considera um exageroa reserva legal de 80% da área florestal em propriedadesprivadas da região e defende a revisão do índice.Esse posicionamento foi manifestado pelo presidente da Comissãode Meio Ambiente da entidade, Assuero Veronez.“A CNAdiscute a questão em instâncias apropriadas, noLegislativo e no Judiciário, mas não apóia quemage em desacordo com a Lei. Cabe ao governo punir quem estiver nestasituação”, afirmou hoje (17) Veronez, em entrevista àAgência Brasil. O dirigente da CNA tambémrebateu atese do Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia(Imazon), que aponta a pecuária como principal responsávelpela devastação da floresta e defende a restriçãode crédito para quem desmata. “Ninguémcontribui mais para o meio ambiente do que o produtor da Amazônia.Ele já pode usar apenas 20% de suas terras e seria injustotentar impedi-lo de optar pela atividade mais conveniente do ponto devista econômico”, disse Veronez. O presidente daComissão de Meio Ambiente da CNA avaliou, entretanto, que umgrande percentual de desmatamento ilegal na Amazônia écausado por pequenos produtores rurais. São aproximadamente800 mil proprietários, segundo Veronez, que se vêem semalternativas para aumentar a produtividade de suas áreas eassegurar o sustento.“É uma questão desobrevivência que deve despertar maior atençãodas autoridades. O Poder Público precisa incentivaralternativas econômicas na região, com a incorporaçãode tecnologias”, ponderou. O sistema de monitoramento dogoverno federal registrou aumento de 107% dos índices dedesmatamento na região amazônica, no estado do MatoGrosso, entre junho e setembro, em comparação com omesmo período do ano passado. No mesmo período, aprática ilegal também cresceu em Rondônia e noAcre. Osecretário executivo do Ministério do Meio Ambiente,João Paulo Capobianco, informou que um plano emergencial paracoibir o avanço da devastação está sendocolocado em prática pelo governo.No dia 3, foilançado em reunião da Câmara dos Deputados oPactoNacional pela Valorização da Floresta e pelo Fim doDesmatamento na Amazônia Brasileira. A iniciativa partiu denove organizações não-governamentais. A meta éreduzir o desmatamento florestal até atingir a conservaçãototal da floresta amazônica e recuperar as áreasflorestais já devastadas. A CNA disse não ter sidoconvidada a assinar o pacto, mas apontou vertentes positivas nodocumento em relação à remuneraçãode atividades produtivas na floresta. “Para acabar com odesmatamento na Amazônia, não basta boas intenções.Tem que ter política pública coerente, que estabeleçaincentivos econômicos para quem mantém a floresta depé”, concluiu Assuero Veronez.