Para economista, governo não conseguiria manter investimentos com reestatização da Vale

08/10/2007 - 20h02

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo não teria condições de fazer investimentos necessários na Companhia Vale do Rio Doce se a empresa fosse reestatizada como propõem os movimentos sociais. A opinião é do professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Vander Mendes.Hoje (8), o Comitê Nacional da Campanha A Vale é Nossa (formado por 64 organizações sociais), divulgou o resultado de um plebiscito sobre a privatização da mineradora, ocorrida há dez anos. Dos 3,7 milhões de brasileiros que responderam a consulta, entre 1º e 9 de setembro, 94,5% rejeitaram a venda da companhia.Para o economista da UnB, o atual desempenho da Vale não justifica o retorno da empresa para o Estado. “A Vale é o que é hoje porque teve uma boa parte de investimentos efetuados pelo setor privado e está entrando agora nas condições de mercado”, ressalta o professor. “Para que o governo ter uma empresa dessa se ela já está no Brasil, gerando empregos e lucros que estão sendo distribuídos?”, questiona.Quanto às possíveis irregularidades na venda da Vale, Mendes defende que sejam apuradas, mas ressalta que isso não significa a reestatização. “Se tiver ocorrido algum problema é uma questão jurídica. E não simplesmente uma questão de que ela retorne para a mão do Estado, que não terá condições de fazer os investimentos necessários para o setor.”Para professor da UnB, o Estado deve ocupar-se de “problemas graves” nas áreas de saúde, educação e infra-estrutura. Segundo Mendes, não há por que se preocupar com a predominância de empresas nacionais ou estatizadas. “O importante é ter regras claras de mercado, economia estável, com o Estado presente”.Para o cientista político Eduardo Graeff, que foi secretário-geral da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso, a privatização da Vale foi positiva para o país, com aumento do recolhimento de impostos e contribuições, expansão do emprego e geração de divisas.