Ninguém está imune à crise internacional, alerta Meirelles

08/10/2007 - 19h22

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou hoje (8) que o Brasil tem hoje maior resistência às turbulências dos mercados internacionais do que no passado, em decorrência da estabilidade econômica, impulsionada pela demanda doméstica. Mas alertou que o risco de uma crise externa não passou.

“Os riscos estão diminuindo, mas existe ainda a possibilidade de uma queda na atividade econômica norte-americana, em relação ao ano anterior”, disse. E reiterou que “ninguém é imune a uma crise: se os Estados Unidos tiverem uma recessão forte, todo mundo será atingido, mesmo que indiretamente”.

Ele avaliou que "se nós conseguirmos entender e assimilar os ganhos da estabilização, e passarmos a incorporar isso  nos valores da sociedade brasileira, tenho certeza de que, aí sim, teremos condições para discutir todos os outros desafios que o Brasil tem para crescer a taxas mais elevadas”.

Meirelles lembrou que em maio de 2003 a inflação acumulada em 12 meses estava em 17%. E afirmou que com o processo de estabilização, as expectativas de inflação se concentram na meta, o que é “bastante compatível com os demais países que têm tido estabilização de preços”.

De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação acumulada em 12 meses atingiu 4,18% em agosto deste ano. Relatório do Banco Central aponta, com base no consenso do mercado, que o IPCA ficará em torno de 3,83% em outubro de 2008.

“Agora temos uma convergência das expectativas com a inflação medida”, indicou Meirelles, que destacou o fato de a taxa de juros real do mercado ter passado da média de 11,5%, entre 2004 e 2005, para 8,6% de 2006 a 2007, com perspectiva de atingir 7% neste mês. “Mais importante ainda é que a volatilidade está caindo, porque antes nós tínhamos não só taxas elevadas, mas voláteis. E isso é um problema, porque torna a previsibilidade menor”. Ou seja,  a volatilidade dificulta o investimento. 

Outro dividendo da estabilização da economia, afirmou Meirelles, é o aumento continuado das exportações. Em 12 meses até agosto, o superávit somou US$ 44,2 bilhões, lembrou. "A estabilidade permite melhor planejamento de longo prazo, melhor investimento em desenvolvimento de produtos, canais de distribuição – em resumo, o Brasil pode se tornar cada vez mais competitivo, tirando partido das suas vantagens comparativas”, acrescentou.

Sobre o crédito, o presidente do Banco Central informou que cresce a uma taxa superior a 20% ao ano. Mas reconheceu que esse crescimento ainda é baixo, como percentual do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país),  em comparação a países como a Tailândia, a Malásia e a Coréia, onde essa relação supera os 100%.Meirelles destacou ainda que o consumo das famílias no país tem crescido à taxa média de 6% ao ano. E que a média de geração de empregos formais está em cerca de 1,3 milhão anuais entre 2004 e 2007 – era de 667 mil novos postos de trabalho em 2003.