Pronasci prevê polícia sem armas de fogo e mais próxima da comunidade

26/09/2007 - 8h28

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As armas de fogo dospoliciais brasileiros deverão ser substituídas pelaconversa e a proximidade com a comunidade, e as viaturas, porbicicletas. É assim que o governo federal quer que ajam aspolícias militar e civil de todo o país. Este éo conceito da polícia comunitária, carro-chefe daspolíticas federais para o combate à violênciareunidas no Programa Nacional de Segurança Pública comCidadania (Pronasci).“O atual modelo depoliciamento é ilusório. Você vê a políciapassando e tem a sensação de segurança, mas nãotem segurança", afirma o diretor do Departamento de Pesquisa, Análise deInformação e Desenvolvimento de Recursos Humanos emSegurança Pública (Senasp) do Ministério daJustiça, Ricardo Balestreri.Para ele, é necessário substituir essa polícia por uma que dê prioridade ao diálogo com a comunidade, que seja indispensável nas reuniõesde moradores. "Um modelo de proximidade com policiais caminhando nasruas, andando de bicicleta. Mas se o modelo predominante é aviatura, ele passa o dia inteiro na viatura com a janela fechada”. No novo modelo, a arma de fogo continua sendo usada, masnão será predominante. "Vamos substituir por uma armanão letal, como um rádio comunicador para pedir ajuda”.

De acordo com o diretor, o que maisincomoda o cidadão é a falta de liberdade cotidianade ir e vir, é ter o seu salário roubado no fim do mês, afilha ameaçada sexualmente, a falta de segurança dentroda sua própria casa. "Esses fenômenos a gente reduzmuitíssimo [a partir da adoção do novo modelo de polícia]. Há experiências no Brasil setorizadasque reduziram de 30% a 60% o índice de violência ecriminalidade”.

Ele cita um exemplo prático. “Seestá havendo roubo de botijão de gás, vamos dardicas à sociedade do que fazer para diminuir o problema. Aomesmo tempo, vamos ouvir da sociedade o que ela acha que a políciaprecisa fazer”.

Para Balestreri, a políciacomunitária é um excelente exemplo ea polícia precisa voltar a ser exemplo. Ele lembra que a exceçãoao novo modelo é o crime organizado. “Evidentemente nãoé a polícia comunitária que vai acabar com o crimeorganizado, que tem que ser combatido com tecnologia de repressãoqualificada".

Ainda assim, para ele, o que vaireduzir o crime organizado são as ações de investigaçãode inteligência, como políticas de combate à lavagem dedinheiro, infiltração e identificação dos chefões.

O diretor lembra que o atual modelo depoliciamento foi introduzido com o golpe militar em 1964. “Ocombate à violência não funciona sem respeito aosdireitos humanos. Desde 64, temos modelos de policiamento que nãosão respeitadores, que tentam acabar com a violênciaatravés da bordoada, da prisão, da matança. Nãodá certo combater os criminosos da mesma forma que eles, domesmo jeito que eles fazem com a sociedade. A gente se assemelha aeles”.