Ministro do Trabalho defende ato que paralisou fiscalização sobre trabalho escravo

26/09/2007 - 15h47

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse hoje (26) que os grupos de fiscalização sobre o trabalho escravo no país, que suspenderam as atividades desde a última semana, se sentiram agredidos com uma tentativa de "interferência política". Por isso, como forma de solicitar apoio da sociedade, pararam as atividades. “Os auditores se sentiram agredidos com a desqualificação que tentaram fazer”, disse Lupi em referência a Comissão Temporária Externa do Senado. “Pararam [de trabalhar] para ver o que a sociedade acha disso”.Lupi participou de uma audiência pública na Subcomissão Temporária do Trabalho Escravo no Senado Federal. Durante a reunião, entregou aos senadores 18 volumes de um relatório com fotos da fiscalização que autuou a fazenda Pará Pastoril Agrícola (Pagrisa), no final de junho. “É um farto material demonstrando as condições subumanas que eram submetidos os trabalhadores dessa empresa [Pagrisa]”, disse.O ministro afirmou também que mediante “as reações da sociedade que querem a volta dos grupos de fiscalização” vai conversar com os diretores da Secretaria de Inspeção do Trabalho, e espera que os auditores voltem a atividade na próxima semana. A Secretaria de Inspeção do Trabalho suspendeu as atividades, por tempo indeterminado, um dia após a comissão do Senado visitar a fazenda Pagrisa e questionar indícios de trabalho escravo no local, mesmo passados dois meses do flagrante.Em nota oficial, o Ministério do Trabalho defende a fiscalização. "As ações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, subordinadas àSecretaria de Inspeção do Trabalho, somam, desde 1995,cerca de 570 ações em todo Brasil, resultando na libertação de mais de25 mil trabalhadores que se encontravam em situação análoga à deescravos. Essas ações tornaram-se modelo reconhecido pela OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT), que aponta o governo brasileiro comoreferência mundial no combate a esse tipo de crime", registra.