Renato Brandão
Da Agência Brasil
São Paulo - Os fiscais federais agropecuários voltaram ao trabalho hoje (26) em São Paulo. Ontem (25) foi assinado um termo de compromisso pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e presidente da Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa), Luiz Fernando Carvalho, que pôs fim à greve iniciada em 18 de junho.O vice-presidente da Anffa, Wilson Roberto de Sá, informou que não foi organizada alguma forma de mutirão para a liberação de cargas, mas disse que a categoria está disposta a colaborar se houver determinação nesse sentido da parte do governo. No acordo acertado ontem, os fiscais receberão um reajuste médio de 20,3%, dividido em duas parcelas, a serem pagas em fevereiro de 2008 e fevereiro de 2009. Ainda não foi negociado o pagamento dos dias parados. A Anffa pedia um reajuste de 45%. “É um acordo que fica bastante aquém das nossas expectativas, mas a gente considera de qualquer forma um avanço”, reconheceu Roberto de Sá.Será criado um grupo de trabalho para estudar a reestruturação da carreira e a regulamentação do Centro de Formação de Fiscais. “O plano de carreira vai ajustar e estabelecer parâmetros para você ascender na carreira, para você fazer cursos e desempenhar suas funções de forma adequada. Ele aborda um sem-número de aspectos de vital importância para a consolidação e fortalecimento da carreira”, disse.Segundo o sindicalista, lembrou que a greve foi em decorrência do não cumprimento de um acordo com o Ministério do Planejamento de estudar o plano de carreira da categoria, entregue ao governo pela associação em novembro de 2005. “O governo entende que nós pertencemos àquele núcleo de carreiras estratégicas, mas não materializa isso em termos de reconhecimento. E é por isso que lutamos por todo esse tempo. E o instrumento de que nós lançamos mão para sermos ouvidos é um instrumento desse, de radicalização. Não se tem outro”, disse Roberto de Sá.Desde o início do movimento, em 18 de junho, os fiscais suspenderam por duas vezes a paralisação para retomar as negociações. No total, foram 51 dias de greve. Por determinação judicial, 60% dos 3.514 fiscais federais continuaram trabalhando durante a greve. “É lógico que em um local onde você tem a necessidade de ter mais fiscais se causa transtorno. Você deixa de atender 40% de sua capacidade e é por isso que gerou esses transtornos todos. A gente espera que em duas semanas haja a normalização desses pontos”, afirmou o sindicalista.
Roberto de Sá reclamou que o número de trabalhadores é baixo para a demanda de serviços. “É um efetivo muito aquém das nossas necessidades. Um fiscal federal agropecuário não atua apenas no porto, no aeroporto e no posto de fronteira. Ele atua para certificar o produto, testar a sua qualidade, desde a unidade de produção”, explicou.Ele pede a contratação de mais fiscais, uma reivindicação do plano de reestruturação da carreira da categoria. “Este ano teve um concurso para o preenchimento de 390 vagas para fiscais. Esperamos que o governo nos próximos anos abra concursos para o preenchimento de 500 vagas, no mínimo, por ano, para suprir as necessidades”.