Protocolo de Quioto precisa de revisão que inclua países emergentes, opina pesquisadora

24/09/2007 - 14h17

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Protocolo de Quioto tem de ser reformulado paraincluir metas de emissão de gás carbônico para ospaíses emergentes, que também estão poluindocada vez mais. A avaliação é da professora epesquisadora Juliana Ramalho, do Laboratório de Climatologiada Universidade de Brasília (UnB).Em entrevista hoje (24) ao programa RevistaBrasil, da Rádio Nacional, a pesquisadora afirmouque o protocolo, que estabelece um cronograma de reduçãono lançamento de gás carbônico para os paísesdesenvolvidos até 2012, corre o risco de se tornar sem funçãocaso não inclua determinados países emergentes. “Dealguns anos para cá, vários países emdesenvolvimento entraram para a lista dos maiores poluidores”,destacou.“Embora seja válido, o Protocolo deQuioto não está sendo levado a sério e váriasmetas não estão sendo cumpridas”, advertiu Juliana.Segundo ela, não adianta mais os países emergentesesperarem as nações desenvolvidas tomarem posiçãoe tentarem se enquadrar às metas. “Todo mundo agora precisaagir”, aconselha.Apesar de ter 45% da matriz energéticaoriginada de fontes renováveis,atualmente o Brasil ocupa o quarto posto entre os paísesemissores de gás carbônico, com 1 bilhão detoneladas lançadas por ano. No caso brasileiro,no entanto, oproblema não está nos veículos nem nasindústrias, já que 75% das emissões vêmdas queimadas e derrubadas de árvores.O país emergente que mais aumentou o graude poluição foi a China. Segundo estudo divulgado emabril pela Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país asiáticoatualmente lança 4,7 bilhões de toneladas de gáscarbônico por ano e está na segunda posiçãoentre os países poluidores, perdendo apenas para os EstadosUnidos, com 5,8 bilhões de toneladas.Em terceiro lugar na lista dos emissores de gáscarbônico, está a União Européia, com 3,8bilhões de toneladas anuais. O bloco econômico, noentanto, conseguiu estabilizar as emissões na últimadécada.Em relação aos paísesemergentes, a professora da UnB afirma ainda que o problema nãoé apenas ambiental. Para ela, o combate à poluiçãonas nações em desenvolvimento também passa porações sociais. “As pessoas mais desfavorecidas, quenão têm água potável e esgoto, e muitasvezes dependem de lixões para se sustentar, não estãopreocupadas com o meio ambiente, mas com a sobrevivência”,ressaltou. “Antes de tudo, é necessário melhorar opadrão de vida dessas pessoas.”As mudanças climáticas sãohoje (24) tema de uma reunião em Nova York promovida pelaOrganização das Nações Unidas (ONU). Oencontro, convocado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,reúne representantes de 150 países para discutir oaquecimento global.Segundo o relatório do PainelIntergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC,em inglês), divulgado em fevereiro, se a emissão degases poluentes seguir no ritmo atual, até 2100, a temperaturamédia na Terra aumentará entre 1,8 e quatro graus. Essaelevação é suficiente para causar derretimentode geleiras, aumento do nível do mar e intensos furacões.