Juliana Cézar Nunes
Enviada especial
Nova York - A Organização das NaçõesUnidas (ONU) sedia hoje (24) um ambicioso debate que pretende indicaro caminho para um novo pacto mundial de prevenção ecombate às mudanças climáticas. A reuniãode líderes mundiais foi convocada pelo secretário-geralda ONU, Ban Ki-moon, e antecede a abertura da nova AssembléiaGeral, na qual a mesma temática receberá atençãoespecial. Delegações de 150 países devemparticipar do encontro de hoje. A ministra do Meio Ambiente, MarinaSilva, representará o Brasil no evento. De acordo com oItamaraty, em seu discurso, ela citará as iniciativas adotadasno país para conter o desmatamento, investir em fontesrenováveis de energia e limitar as emissões de gasesapontados como causadores do efeito estufa. A ONU espera queoutros países façam o mesmo e apresentem propostas paraconter um processo de degradação que altera atemperatura do planeta, ameaça a sobrevivência depopulações costeiras e pode até mesmotransformar florestas em desertos. O relatório doPainel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU(IPCC, em inglês), divulgado em fevereiro, mostra que, se aemissão de gases poluentes seguir no mesmo ritmo, até oano de 2100, a temperatura na Terra aumentará entre 1,8 e quatro graus, o que deve causar derretimento de geleiras, aumento donível do mar e intensos furacões. "Asnações estão dando sinais de que desejam buscarsoluções. Esse encontro de hoje expressa umentendimento da mensagem dos cientistas. E mostra um senso deurgência para as negociações que precisam,necessariamente, de estratégias que não podem dependerde limites territoriais", destacou, em entrevista àAgência Brasil, o secretário-executivo da Convençãode Mudanças Climáticas da ONU (UNFCCC, sigla eminglês), Yvo de Boer. "É importante que agente pense em uma política de longo prazo e não fiquerestrito a antes de depois de Kyoto. Temos que reconhecer que EstadosUnidos e Austrália, que não são parte doprotocolo, fazem parte da convenção da ONU. De queforma esse novo pacto será feito, se em cima do protocolo oude outra plataforma, é o que precisamos trabalhar paraencontrar uma resposta até, no máximo, 2009."Segundo Boer, as sugestões apresentadas esta semanaserão levadas em dezembro para a Convenção deMudanças Climáticas da ONU, em Bali, na Indonésia.Nessa convenção, devem ser definidas medidas sucessorasdo Protocolo de Kyoto, que começa a vencer em 2012.Atualmente, o protocolo obriga 35 paísesindustrializados a reduzirem em 5% suas emissões de gases emrelação aos níveis de 1990. A meta deve seralcançada até 2012. Grandes poluidores, como China eEstados Unidos, não seguem as recomendações dotratado.