Brasileiro elogia aproximação de medidas para restaurar ozônio e conter aquecimento

24/09/2007 - 19h59

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aproximar dois desafiosmundiais – a recuperação da camada de ozônio eo enfrentamento das mudanças climáticas – constituiu “umadecisão histórica”. A avaliação édo representante do governo brasileiro na reunião em que foiaprovada essa aproximação, Ruy de Góes.Reunidosno Canadá 20 anos após a assinatura do Protocolo deMontreal, os 191 países signatários do tratadodecidiram, na última sexta-feira (21), adiantar os prazos parapôr fim ao uso de gases hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) eestimular a substituição desses gases por substânciasque, além de não prejudicar a camada de ozônio,não elevem a temperatura do planeta.Menos prejudicais à camada deozônio, os HCFCs são os principais substitutos dos gasesclorofuorcarbonos (CFCs), utilizados na indústria degeladeiras, aparelhos de ar-condicionado e espuma.“Foi uma decisão histórica,que vai estabelecer uma relação entre os doisprotocolos [de Montreal e de Quioto], com enorme benefíciopara o combate aos dois fenômenos que hoje são asgrandes ameças para atmosfera do planeta [destruiçãoda camada de ozônio e aquecimento global]”, avaliou Ruyde Góes, diretor do Departamento de Mudanças Climáticasda Secretaria de Mudanças Climáticas e QualidadeAmbiental (SMCQ) do Ministério do Meio Ambiente.O acordo internacional adiantoude 2040 para 2030 a eliminação do consumo de gasesHCFCs. De acordo com Góes, a decisão aprovada sintetiza seis diferentes propostas, uma delas encaminhada por Brasil e Argentina. "Todos tiveram que ceder um pouco para chegar a um consenso", comentou.Segundo ele, esse adiantamento deve evitaremissões equivalentes a 20 bilhões de toneladas dodióxido de carbono (CO2), gás considerado o maiorresponsável pelo efeito estufa, fenômeno relacionado aoaquecimento global. “O primeiro período doProtocolo de Quioto prevê uma redução de 4,5bilhões de toneladas de CO2, ou seja, a partir do Procolo deMontreal você pode ter um auxílio para o clima maior doque o acordado para o primeiro período daquele tratado”,comparou.Apesar de menos prejudiciais para acamada de ozônio, os HCFCs contribuem intensamente com asmudanças climáticas: cada tonelada de gases desse tipoequivale, em média, a 1.800 toneladas de CO2. Segundo Góes,as principais alternativas na substituição desses gasesserão hidrocarbonetos.Com os novos prazos, Góesavalia que a recuperação da camada de ozônio podeacontecer antes do prazo previsto originalmente no texto de Montreal,que estimava a recomposição entre 2050 e 2070. “Comoa decisão foi tomada na sexta-feira, ainda não foipossível calcular em quanto tempo a medida vai adiantar arecuperação da camada de ozônio, mas certamenteganharemos alguns anos”, diz.Dados da SQMA mostram que o Brasileliminou 95,4 % do consumo de CFCs no país. Segundo Góes,o gás ainda é utilizado na manutenção degeladeiras antigas – fabricadas até 1999 – e em medidoresde dose individual , as “bombinhas” para asmáticos.