Para representante do Brasil na ONU, país assume liderança no debate sobre aquecimento global

23/09/2007 - 11h57

Juliana Cézar Nunes
Enviada especial
Nova York (EUA) - Primeira mulher a chefiar a missãobrasileira na Organização das Nações Unidas (ONU), aembaixadora Maria Luiza Viotti terá à sua frente o desafio de coordenar a apresentação das posições brasileiras no debate sobre o aquecimento global. Na avaliação dela, o Brasil está assumindo um papel de liderança nesse âmbito, graças a divulgação dos biocombustíveis como alternativa imediata para o combate às mudanças climáticas."Com a promoção das energias renováveis, o Brasil se colocou numa posição de liderança muito clara perante a ONU. Esse se tornou um elemento importante para a adoção de qualquer estratégia internacional", , disse ela, em entrevista exclusiva à Agência Brasil. Em uma sala repleta de orquídeas em Manhatan, a dez minutos da ONU, ela disserta sobre as posições que o país deverá assumir:"Em termos gerais, o Brasil defenderá um esforço em doistrilhos. Um deles é o reforço do Protocolo de Quioto, que estabelece metas deemissões de gases, e o outro é a ampliação dos estímulos e transferências detecnologia alternativa para países em desenvolvimento que ainda estão emprocesso de expansão produtiva"."O esforço de redução deve se concentrar nos paísesmais desenvolvidos, que contribuíram mais e há mais tempo para o problema. Os paísesem desenvolvimento ainda precisam de um certo espaço para crescer", completa.Viotti assumiu o posto em julho e terá a partir destasemana o desafio de coordenar, pelo lado brasileiro, as discussões no âmbito danova Assembléia Geral da ONU. "A nossa grande aspiração é a reforma no Conselho deSegurança. A partir de outubro, a discussão sobre como será negociada essaquestão tomará fôlego. O que o Brasil deseja é que ainda nessa assembléia, quetermina em um ano, haja resultados concretos.""OBrasil acredita que tem credenciais para participar de um conselho ampliado.Podemos contribuir de uma forma mais eficiente para a solução de problemas", explica ela, para quem a missão de paz no Haiti, liderada por um comandante militar brasileiro e com participação do maior efetivo militar nacional fora de nosso território desde a 2ª Guerra, tem sido uma"experiência de êxito", que deve ser renovado por mais um ano, também emoutubro. Na proposta de renovação, o Brasil e os outros países que fazem parteda missão vão propor aumento das ações para fortalecer a capacidade do Estadohaitiano e ampliação do policiamento de fronteira. A ONU tem estimulado a participação dos países membros emmissões de paz e deverá reforçar durante esta semana o apelo por ajuda nasações para conter os conflitos no Sudão, onde cerca de 200 mil pessoas jámorreram devido a confrontos entre forças rebeldes e o Exército."Estamos com nossa cota preenchida no Haiti, mas jáiniciamos os estudos para verificar a possibilidade de uma ajuda humanitária,com materiais e médicos para os hospitais de campanha", revela Maria LuizaViotti, em entrevista à Agência Brasil.Segundo ela, também está em estudo a ampliação dainiciativa brasileira internacional para combater a fome e a pobreza. Em 2003,o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a primeira convocação de líderesmundiais nesse sentido, o que culminou na criação de uma central internacional demedicamentos."Os esforços agora vão no sentido do combate à desnutriçãoinfantil e promoção da educação. As propostas, no entanto, não chegaram a umamadurecimento para serem apresentadas esta semana", conta a chefe da missãobrasileira na ONU.