Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os altos índices de violência registrados nos municípios goianos e mineiros que integram o entorno do Distrito Federal são reflexo do grau de abandono por parte dos estados de Goiás e de Minas Gerais, avaliou hoje (21) o sociólogo Gláucio Soares, pesquisador do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, da Universidade Cândido Mendes.“Em grande parte eles são integrantes dessa conurbação brasiliense e não são centrais na política dos seus respectivos estados”, afirmou o pesquisador, ao destacar que o aumento da criminalidade no entorno pode ser comparado ao das regiões metropolitanas de Recife e do Rio de Janeiro. A área está entre as 11 regiões metropolitanas mais violentas do país.A discussão sobre o aumento da criminalidade no entorno do Distrito Federal ganhou repercussão depois que o jornalista Amaury Ribeiro Jr., dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas, foi baleado enquanto fazia uma reportagem sobre o assunto. Ele foi atingido na quarta-feira (19), quando estava em uma lanchonete na Cidade Ocidental, município goiano que faz parte do entorno. Em entrevista à Rádio Nacional, o sociólogo Gláucio Soares ressaltou que os índices de criminalidade não têm crescido apenas na região do entorno, mas também nas cidades satélites do Distrito Federal. “Não estamos falando de uma divisão que corresponde ao Distrito Federal e seu entorno, mas há outra divisão que corresponde ao Plano Piloto (área central de Brasília) e às áreas melhores socioeconomicamente e o resto. O resto tem muito mais gente que as áreas privilegiadas”.Para o pesquisador, o crescimento desordenado da população no Distrito Federal também levou a um aumento do número de moradores no entorno. No DF, de acordo com Soares, o crescimento desordenado “foi estimulado pela política eleitoreira [de distribuição] de lotes de Joaquim Roriz (ex-governador)”.“Isso misturado com descaso e incompetência dos governos estaduais e municipais das áreas. Muito estimulado também pelo consumo de drogas pela população de mais alta renda, que paga mais pelo mesmo produto”, completou. Na avaliação de Soares, é falsa a idéia de que existe relação entre pobreza e aumento da violência. “Aqui no Brasil, a desigualdade vem caindo nos últimos anos mas durante muito tempo ela ficou igual, ao passo que o crime e os crimes violentos em particular vieram aumentando”, afirmou.