Felipe Linhares
Da Agência Brasil
Brasília - A única soluçãopara tentar reverter os efeitos do aquecimento global, que jáestão aparecendo, é a redução do consumo e das emissões degases do efeito estufa por todos os países. Quem afirma é o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de SãoPaulo (USP). “O grande problema foi que ahumanidade errou em não pensar na sustentabilidade do nossoplaneta. Os recursos não são infinitos, eles seesgotam e [agora] têm que ser mais bem distribuídos.”Para ele, a reunião que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá, na próxima semana com o presidente George W. Bush, será um dos primeiros encontros de alto nívelpara tentar estabelecer um consenso sobre o que deve ser feito em defesa do clima acurto, médio e longo prazos. Depois de lembrar que o grande consumo deenergia e de combustíveis fósseis contribuiu para o aquecimento, o professor afirmou que toda a humanidade vai terque mudar os padrões, para não piorarsituação climática. Nos últimos cem anos,a temperatura média do planeta aumentou 0,7 grau.“Asmudanças já estão sendo sentidas. O aumento donúmero de furacões e o derretimento das geleiras sãodois exemplos.” De acordo com oprofessor, que é um dos quatro membros brasileiros no PainelIntergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), nos próximos séculos atemperatura pode aumentar de dois a quatro graus, o que prejudicariatoda a fauna e flora da Floresta Amazônica. Artaxodisse que o Brasil tem uma participação importante naquestão climática desde a realização daConferência das Nações Unidas sobre Meio Ambientee Desenvolvimento, conhecida como Rio-92. Como exemplo, ele citou os estudos do país no sentido de buscar formas limpas de energia. "Hoje as políticasbrasileiras, como o álcool, são uma boa alternativa". Mas Artaxo alerta que só buscar energia renovável não é suficiente.; é preciso combater velhos hábitos que agridem o meio-ambiente. “Éboa solução [o combustível vegetal] em pequena escala, mas sem a redução no consumo de combustíveis fósseis pelos paísesdesenvolvidos, não há álcool que [preencha] essalacuna. O que precisamos é reduzir a zero as queimadas na Amazônia”.Parao professor, as emissões de gases pelo os Estados Unidos e as queimadasna Amazônia brasileira serão temas da conversa dos dois presidentes. Na quinta-feira (27) e e na sexta-feira (28), Lula participa da62ª Assembléia Geral da Organização das NaçõesUnidas (ONU), em Nova York.