Curso forma detentos do Rio em agente de reflorestamento

21/09/2007 - 14h23

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Começou hoje (21), no Rio de Janeiro, um curso para formação de Agentes de Reflorestamento para cerca de 500 detentos que cumprem pena em regimeaberto e semi-aberto. Durante seis meses eles receberão aulas na UniversidadeFederal Rural do Rio de Janeiro para aprender atividades de plantio, produçãoe identificação de mudas e manuseio de viveiros de plantas.Os detentos serão empregadosem projetos de reflorestamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dascompanhias de água do estado, a Cedae, e do município de Niterói, que prevêem oplantio de mais de cinco milhões de árvores nas margens dos rios que fazem partedas bacias hidrográficas do Guandu e de Macacu, queabastecem a região metropolitana do Rio.A Cedae já contratou 200 detentos. Aremuneração inicial é de R$ 280 podendo chegar a R$ 570, o equivalente a umsalário mínimo e meio. Cada três dias de trabalho, reduz um dia da pena a sercumprida.O presidente da Fundação SantaCabrini, Jaime Melo, que faz a gestão do trabalho prisional no estado do Rio, disse que a iniciativa,pioneira no país, associando reabilitação de presos com a proteção do meioambiente, acelera o processo de ressocialização dos detentos. “Esse curso tem o propósito de formar esses detentosna profissão de jardineiros, de reflorestadores. Essa é a novidade. As pessoasterão uma grande oportunidade de pôr isso em prática nos seus municípios. Quandoessas ações são complementadas com a formação, ajuda muito esse novomomento na vida dessas pessoas que terão oportunidade também de refletir sobreos delitos que cometeram”, disse.Deacordo com o presidente da Fundação Santa Cabrini, convênios com empresas doestado para empregar os presos vêm sendo realizados há seis anos e jácriaram oportunidades para mais de 1.500 detentos. Segundo ele, 60% das pessoasque saem do sistema prisional não retornam à criminalidade.

Para Roque Santos da Silva, 45 anos, que cumprepena de seis anos por tráfico de drogas, hoje em regime semi-aberto,o curso será um caminho para recomeçar a vida da maneira certa.   “Para mim, como para a maioria dospresos, é o reinício de tudo. Um caminho para a gente começar a pegar o ritmode trabalho, da responsabilidade, de horário, do salário todo o mês, paraprogramar a vida. Uma oportunidade para começar a fazer a coisa certa. Vocêsair e ficar batendo de porta em porta, recebendo negativas, de repente podedesanimar, fraquejar e voltar para o crime. Essa é a diferença”, disse.