Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A preservação da floresta amazônicapode gerar até US$ 1 bilhão por ano no mercado decréditos de carbono, afirmou hoje (20) o diretor-geral doServiço Florestal Brasileiro (SFB), Tasso Azevedo.Ovalor seria relativo às emissões de gases evitadas como não-desmatamento. “A um preço bem baixo do carbono,isso poderia gerar cerca de US$ 500 milhões por ano, talvezaté US$ 1 bilhão, caso existam interessados eminvestir”, calculou.Para chegar neste número, Azevedo estimouque seria evitado o lançamento na atmosfera de 150 milhõesde toneladas de gás carbônico (CO2) por ano, a um valorde US$ 3 a tonelada, que ele disse estar subestimado: “Na Europa, atonelada de carbono capturado está entre US$ 10 e US$ 14”,comparou. Tasso Azevedo explicou que, para viabilizar oprocesso, é importante a criação de um mecanismolegal permitindo capturar investimentos financeiros do carbono emnível de bioma (a floresta amazônica), gerando recursospara um fundo, administrado por um órgão gestor. “Seráum órgão multilateral, composto pelos estados daAmazônia, o governo federal, setor ambientalista, movimentossociais e setor empresarial”, afirmou. “É possívelcomprovar o quanto foi reduzido para a Amazônia como um todo,mas não é viável para cada pequeno projeto.Valorizar a floresta em pé é a forma de salvar asflorestas”, completou.Segundo o diretor do SFB, a proposta nesse sentidoainda está sendo montada e será apresentada naconferência mundial sobre o clima, que acontece em dezembro, naIlha de Bali, na Indonésia, quando será traçadoum novo plano internacional para a redução de emissõesde carbono depois de 2012, quando expira o Protocolo de Quioto.Sobre o desmatamento na floresta, Azevedo afirmouque a maior preocupação é a pressãoexercida pela pecuária, muito mais do que as lavouras de sojaou o possível avanço da cana-de-açúcar.“O Brasil tem hoje 200 milhões de hectares de pastagem e 60milhões de área agrícola. Mas só tempecuária enquanto as pessoas acharem que a floresta nãotem mais valor que a criação de gado, o que tornaimportante o incentivo de atividades que mantenham a floresta em pé.”Uma das formas que permitem a produçãode créditos de carbono com a manutenção dafloresta (também chamado de estoque de carbono) é autilização sustentável da madeira. “Vocêtira uma árvore e a transforma em um móvel. O espaçoque aquela árvore ocupava na floresta vai ser novamenteocupado por carbono. Ou seja, eu tenho o carbono que voltou para afloresta e mais o do móvel produzido”, explicou.Azevedo participou da Conferência Rio + 15, que buscou analisar os avanços no setor, 15 anos depois do encontro internacional Rio-92.Está aberta até amanhã (21), no site do Serviço Florestal Brasileiro, consulta pública para o manejo sustentável de florestas.