Para pesquisadora, Brasil deve aumentar empenho, sem metas, para emitir menos CO2

19/09/2007 - 20h41

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil não deve ter metasde redução de emissões de gases consideradoscausadores do aquecimento global, como o gás carbônico (CO2), mas deve aumentar seu empenhocontra o problema. Essa foi a posição defendida hoje(19) na Conferência Rio + 15 pela pesquisadora Suzana Kahn, daCoordenação de Programas de Pós-Graduaçãode Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).Junto com outros dois professores daCoppe (Emilio La Rovere e Roberto Schaeffer), Suzana Kahn coordenou ocapítulo sobre Transportes do 4º Relatório deAvaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudançasdo Clima da Organização das Nações Unidas(IPCC), divulgado em maio. E se prepara para iniciar em janeiro de2008 um novo capítulo do IPCC referente a fontes renováveisde energia.Em entrevista à AgênciaBrasil, Kahn afirmou que o Brasil deve ser muito mais proativonessa área também pelo fato de estar incluídoentre os grandes emissores de gases de efeito estufa. “A gente temque estar incluído nesse esforço mundial de reduçãodesses gases, o que não significa que a gente tenha que teruma meta pré-estabelecida, quantificada”. Ela explicou que,quando passa a ter meta e assina um compromisso formal no âmbitode uma Convenção do Clima, o país pode serpenalizado.“E eu não acho isso justoporque os países em desenvolvimento historicamente nãocontribuíram para a situação atual deconcentração de gases de efeito estufa na atmosfera.Mas sem a participação desses países a gente nãovai conseguir atingir um patamar seguro”, advertiu. Na avaliaçãode Suzana Kahn, os países em desenvolvimento devem ter outrotipo de compromisso, como estabelecer um padrão dedesenvolvimento mais sustentável, fortalecer o transportepúblico para reduzir a dependência do automóvel,investir em conservação e eficiência de energia,investir em participação de fontes renováveis.“Esse conjunto de açõesesses países têm que se comprometer a fazer, mas semdizer que vai reduzir tantos por cento no ano tal”, comentou. Paraos países desenvolvidos, entretanto, como os Estados Unidos, apercepção da pesquisadora da UFRJ é favorávela metas. Khan disse que não é verdadeira aargumentação de que isso vai significar um custo paraesses países e impactar o crescimento deles, enquanto ospaíses em desenvolvimento não vão ter esseproblema. “Os países em desenvolvimento já têmum custo associado à questão da mudançaclimática, que é o custo de se adaptar. E eles sãomuito mais vulneráveis, seja porque são tropicais, sejaporque dependem de agricultura e, portanto, estão sujeitos avariações climáticas. E, ainda, nãodispõem de recursos para se adaptar”, expôs.