Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O estabelecimento de metas deredução de gases do efeito estufa, regulado peloProtocolo de Quioto, criou um mercado entre as naçõesricas – que têm obrigações de redução– e os países em desenvolvimento que atuam como vendedoresde créditos de carbono, criados em projetos de Mecanismo deDesenvolvimento Limpo (MDL). O Brasil tem atualmente 235 dessesprojetos.“Até 2012, eles têmpotencial para gerar 150 milhões de certificados, considerandouma média de US$ 10 por cada, e isso pode representar umpotencial de US$ 1,5 bilhão [por volta de de R$ 3bilhões]”, calcula o pesquisador do Centro de EstudosAvançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior deAgricultura Luís de Queiroz (Esalq), Marcelo Rocha.Os projetos de MDL sãovalidados por regras da Organização das NaçõesUnidas (ONU) e dos governos; no caso brasileiro, por meio da ComissãoInterministerial de Mudança Global do Clima.De acordo com o pesquisador, omercado de carbono movimenta 10 bilhões de euros (cerca de R$26,5 bilhões) por ano no mundo e, com a aproximaçãodo período de comprovação do cumprimento dasmetas de Quioto, entre 2008 e 2012, esse mercado deve se aquecer. OBrasil ocupa a terceira posição entre os vendedores decréditos, atrás de China e Índia.Dos 781 projetos de créditosde carbono já registrados na ONU, 109 são brasileiros.Segundo Rocha, as iniciativas brasileiras são responsáveispor 16% das 79 milhões de unidades de ReduçãoCertificada de Emissão (RCE) emitidas pelas NaçõesUnidas.Os projetos mais comuns sãoiniciativas de produção de energia renovável,que não emitem gases do efeito estufa. No Brasil, segundo orepresentante da Ecoinvest, empresa desenvolvedora de projetos deMDL, Marco Mazaferro, “já existem pequenas centraiselétricas que produzem a partir de bagaço de cana, alémde projetos em aterros sanitários e instalaçãode biodigestores em granjas de suínos”.No mercado há sete anos,Mazaferro avalia positivamente a participaçãobrasileira. “Considerando nossa matriz energética limpa écompreensível que estejamos atrás de China e Índia,que têm matrizes energéticas menos limpas, como carvão,com maior potencial de geração de créditos”,diz.Na próxima quarta-feira (26), a prefeiturade São Paulo e a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F)realizarão o primeiro leilão brasileiro de créditosde carbono, que pode arrecadar cerca de R$ 30 milhões.