Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aoparticipar, hoje (17), na Espanha, de reunião comempresários espanhóis, o presidente Luiz InácioLula da Silva disse que o momento “exitoso” que o Brasil vive éresultado “da seriedade, da compreensão do povo brasileiro etambém do acerto de uma política de diversificaçãodas relações do Brasil com o mundo”.“Épor isso que eu estou tranqüilo de que essa crise imobiliáriaamericana não afetará as fronteiras do Brasil, porquenós saímos de uma fase em que tínhamos US$ 30bilhões em reservas, dos quais quase US$ 16 bilhões doFMI [Fundo Monetário Internacional]. Hoje nóstemos US$ 162 bilhões emreservas, não devemos nada ao FMI, não devemos ao Clubede Paris [instituição informal integrada porpaíses desenvolvidos], eadquirimos credibilidade até para, se quisermos, contrairnovas dívidas”, disse.Ao grupo de empresáriosespanhóis, o governo brasileiro apresentou o Programa deAceleração do Crescimento (PAC), lançado noinício do ano, e destacou a importância desse projetopara ajudar o Brasil a firmar novas parcerias e se desenvolver. Lulatambém aproveitou a oportunidade para falar ao setor privadosobre o momento que vive a economia brasileira e convidar osempresários a ampliarem seus investimentos no Brasil.“Viemospara cá para convidar os empresários espanhóis aserem sócios dos empresários brasileiros, para seremsócios do Brasil, ajudando na construção dessePrograma de Aceleração do Crescimento”. Com o PAC,segundo Lula, o Brasil terá mais oportunidades para aceleraros investimentos em áreas específicas. Por meio doprograma, disse, serão investidos, no país, mais US$259 bilhões.“Parachegarmos a isso, eu tenho certeza de que o presidente Zapatero [opresidente do governo espanhol, José LuisZapatero] acompanhou de perto os momentos brasileiros”, disse.“Nós precisamos fazer muito sacrifício. Em momentosem que alguns achavam que o Brasil precisaria gastar, nóspreferimos economizar. No momento em que alguns achavam que nósdeveríamos não ser tão duros no ajuste fiscal,nós fomos duros no ajuste fiscal, porque eu tinha aprendidouma lição, ainda quando estava dentro da fábrica.Eu só poderia gastar aquilo que eu ganhava de salário,se eu gastasse mais, eu ia me endividar, e se eu não cuidassebem da minha capacidade de endividamento, iria acontecer comigo o queaconteceu na década de 80 ou na década de 70 no Brasil,quando vivemos o período do Milagre Brasileiro e depois nosrestou uma dívida quase impagável.”Lula tambémaproveitou a oportunidade para destacar a “boa” relaçãovivida entre Brasil e Espanha, mas afirmou que as duas naçõestêm potencial para fazer mais e melhor: “Melhoramosmuito as nossas relações comerciais. Saímos deUS$ 2,5 bilhões para US$5 bilhões, mas é muito pouco. Para quem seconhece há tanto tempo e para quem tem o potencial decrescimento que têm Espanha e Brasil, uma balançacomercial de US$ 5 bilhõesainda é muito pequena”.